28 de fevereiro de 2013

Para sempre em nossos corações e no da Igreja


"Obrigado por sua amizade e seu afeto. Como vocês sabem, hoje é um dia diferente dos anteriores. Eu só serei o Sumo Pontífice da Igreja Católica até as 20h. Depois disso, serei simplesmente um peregrino que está começando a fase final de seu caminho nesta terra" 
(Bento XVI)


Sé Vacante

Kelen Galvan
Da Redação, com agências



Desde às 16h (horário de Brasília, 20h em Roma), desta quinta-feira, 28, terminou o Pontificado de Bento XVI, após quase oito anos à frente da Igreja Católica, e teve início o período de Sé Vacante. Esse horário foi escolhido pois era a hora em que Bento XVI costumava terminar seu dia de trabalho.

Como sinal do fim do Pontificado de Bento XVI, o Cardeal Carmelengo, que atualmente é Dom Tarcísio Bertone, irá quebrar o Anel do Pescador (anel do Papa) e lacrar o apartamento e o escritório papal, à espera do novo Pontífice, como estabelece a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis.

O Anel do Pescador é o sinal visível da autoridade do Papa, que ele recebe em momento solene no início do seu Pontificado e usa no dedo anular direito. O anel, confeccionado em ouro, traz gravado o nome do Pontífice e a imagem em relevo do Apóstolo Pedro pescando sobre uma barca. Com a morte de cada Papa, ou neste caso, a renúncia, o Cardeal Camerlengo quebra o símbolo na presença dos representantes do Colégio dos Cardeais.

Durante a Sé Vacante, toda a Igreja é convidada a se unir em oração, aos Sagrados Pastores e aos Cardeais eleitores do Sumo Pontífice, e “implorar a Deus o novo Papa como dom de sua bondade e Providência”, orienta a constituição Universi Dominici Gregis.

Confira as perguntas mais frequentes sobre o futuro de Bento XVI

- Bento XVI vai aparecer ao público após a renúncia?
Não estão previstas aparições após 28 de fevereiro. Em sua chegada a Castel Gandolfo, Bento XVI deverá saudar os vizinhos e visitantes da fachada principal da Casa Pontifícia. Esta deverá sera sua última aparição pública.

- Onde Bento XVI irá morar?
Bento XVI residirá em Castel Gandolfo de 28 de fevereiro até o final de abril ou início de maio. A partir de então, o Papa emérito residirá no Mosteiro ‘Mater Ecclesia’ no Vaticano. Até outubro de 2012 residiam ali as Irmãs de Clausura visitandinas. Os trabalhos de reforma foram iniciados em novembro de 2012 e serão concluídos nos próximos meses.

- Por que o Pontífice escolheu ficar num mosteiro no Vaticano e não retornar à Baviera, sua terra natal?
Bento XVI não mencionou claramente, mas a presença e oração de Bento XVI no Vaticano dá uma continuidade espiritual ao papado. Além disso, Bento XVI mora no Vaticano há mais de três décadas.

- Quem vai assessorar o Papa emérito?
Quer em Castel Gandolfo, quer no Mosteiro ‘Mater Ecclesia’, Bento XVI será acompanhado por Dom Georg Gaenswein, seu secretário particular, que permanece no cargo de Prefeito da Casa Pontifícia.

Despedida do Papa Bento XVI com os Cardeais


Às 11 horas de hoje, último dia de seu pontificado, na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano, o Papa Bento XVI encontrou-se com os cardeais Cardeais presentes em Roma para a saudação de licença.

Na audiência, o cardeal Angelo Sodano, decano do Colégio de Cardeais, o Papa dirigiu um endereço de homenagem em nome de todos os presentes.

O Santo Padre, antes de cumprimentar pessoalmente cada cardeal pronunciou as palavras abaixo:

PALAVRAS DO PAPA 

Venerável e queridos Irmãos!

Com grande alegria recebê-lo e oferecer a cada um de vós a minha mais cordial saudação. Agradeço ao Cardeal Angelo Sodano, que, como sempre, tem sido capaz de transmitir os sentimentos do Conselho: Cor ad cor loquitur . Graças coração Eminência. E eu diria que - tendo a referência para a experiência dos discípulos de Emaús - que para mim foi uma alegria para andar com você nos últimos anos, em função da presença do Senhor ressuscitado.

Como eu disse ontem, diante de milhares de fiéis que lotaram a Praça de São Pedro, seu bairro e seu conselho eu ter sido uma grande ajuda em meu ministério. Nos últimos oito anos, nós vivemos com momentos de fé bonitas da luz radiante no caminho da Igreja, junto com momentos em que algumas nuvens no céu engrossar.Nós tentamos servir a Cristo e à sua Igreja com amor profundo e total, que é a alma do nosso ministério. Temos dado esperança que vem de Cristo, o único que pode iluminar o caminho. Juntos, podemos agradecer ao Senhor que nos fez crescer na comunhão, e orar juntos para ajudar você a crescer nesta unidade profunda, para que o Colégio de Cardeais é como uma orquestra, onde as diferenças - uma expressão da Igreja universal - sempre contribuir para a maior harmonia e concórdia.

Eu gostaria de deixar-lhe um pensamento simples, que é perto do meu coração: um pensamento sobre a Igreja, o seu mistério, que é para todos nós - podemos dizer - a razão ea paixão da vida. Deixe-me ajudar por uma expressão de Romano Guardini, escrito no ano em que os Padres do Concílio Vaticano II aprovar a Constituição Lumen Gentium , em seu último livro, com uma dedicatória pessoal para mim, porque as palavras deste livro, eu são particularmente caros. Guardini diz: A Igreja "não é uma instituição concebida e construída em mesa ... mas uma realidade viva ... Ele vive ao longo do curso do tempo, tornar-se, como qualquer ser vivo, tornando-se ... Contudo, em sua natureza permanece a mesma, e seu coração é Cristo ". É tem sido a nossa experiência de ontem, eu acho, na praça: ver que a Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e verdadeiramente vive pelo poder de Deus, que está no mundo, mas não do mundo é de Deus , de Cristo, do Espírito. Nós vimos isso ontem. Esta é a expressão verdadeira e eloqüente do Guardini outros famosos: "A Igreja é despertar as almas". A Igreja vive, cresce e desperta na alma, que - como a Virgem Maria - aceitar a Palavra de Deus e conceberá pelo poder do Espírito Santo; oferecer a Deus sua carne e em sua própria pobreza e humildade, eles se tornam capazes de nascimento de Cristo no mundo de hoje. Através da Igreja, o mistério da Encarnação continua presente sempre. Cristo continua a atravessar os tempos e todos os lugares.

Vamos permanecer unidos, queridos irmãos, este mistério: na oração, especialmente a Eucaristia diária, e assim servir a Igreja e toda a humanidade. Esta é a nossa alegria, que ninguém pode tirar.

Antes de cumprimentá-lo pessoalmente, eu quero dizer a vocês que eu vou continuar a estar perto com a oração, especialmente nos próximos dias, para que você é totalmente dóceis à ação do Espírito Santo na eleição do novo Papa Que o Senhor te mostrar o que é querida por Ele. E por você, incluindo o Colégio de Cardeais, há também o futuro Papa, que já prometem minha reverência e obediência incondicional. Portanto, com carinho e gratidão, concedo cordialmente a minha Bênção Apostólica.

[Texto original: italiano]

DISCURSO DO CARTÃO PRESENTE. Angelo Sodano 

Santidade,

Com grande trepidação os cardeais presentes em Roma amontoado em torno de você hoje, para mais uma vez expressar a sua profunda afeição e expressar nossa gratidão pelo vosso testemunho desinteressado de serviço apostólico, para o bem da Igreja de Cristo e de 'humanidade.

No sábado passado, no final dos Exercícios Espirituais no Vaticano, que agradeceu aos seus colaboradores da Cúria Romana, usando estas comoventes palavras:"Meus amigos, eu gostaria de agradecer a todos vocês, não só para esta semana, mas durante os últimos oito anos, durante os que você trouxe comigo, com grande habilidade, carinho, amor e fé, o peso do ministério petrino " .

Amado e reverenciado o Sucessor de Pedro, somos nós que devemos agradecer-lhe pelo exemplo que nos deu nos últimos oito anos de Pontificado. Em 19 de Abril de 2005, ela foi se juntar à longa lista de sucessores do apóstolo Pedro, e hoje, 28 de fevereiro de 2013, ela está prestes a sair, esperando o comando da Barca de Pedro curta distância a outras mãos. Ele vai continuar para que a sucessão apostólica, que o Senhor prometeu à sua Igreja Santo, até ouvir a voz do Anjo do Apocalipse na Terra irá proclamar: "Tempus não ERIT amplius ... Deuses consummabitur mysterium" (Ap 10 , 6-7) "não há mais tempo:. que é realizado o mistério de Deus " . Assim termina a história da Igreja, juntamente com a história do mundo, com o advento de um novo céu e uma nova terra.

Santo Padre, com profundo amor tentamos acompanhá-lo em sua jornada, revivendo a experiência dos discípulos de Emaús, que, depois de caminhar com Jesus por um bom trecho de estrada, eles disseram uns aos outros: "Não talvez ele estava queimando o nosso coração, quando conversamos no caminho?" (Lucas 24:32).

Sim, Santo Padre, para saber que mesmo queimado nossos corações quando entramos com você nos últimos oito anos. Hoje, queremos mais uma vez expressar nossa gratidão.

Vamos repetir em coro uma expressão típica da sua terra natal querida "Gott Vergelt de" Deus lhe pague!

[Texto original: italiano]

Papa Bento XVI despede-se dos fiéis

Diante de uma multidão de fiéis emocionados em Castel Gandolfo, Bento XVI expressa sua gratidão ao se despedir do seu Pontificado.



Relembre como foi a sua primeira aparição, após eleição.

Último twitter do Papa Bento XVI

“Obrigado pelo vosso amor e o vosso apoio! Possais viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida.”



Após esse último tweet, conforme já havia pontuado o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, o perfil do Papa no twitter ficará suspenso, deixando a possibilidade do novo Papa retomá-lo, caso queira.


15 de fevereiro de 2013

A renúncia do Papa e os oportunistas da imprensa secular


Que a mídia secular não é o melhor meio para se informar a respeito da Igreja Católica, isso não é novidade. Basta fazer uma rápida leitura nas manchetes dos principais jornais do país a respeito da renúncia do Papa Bento XVI para se ter a certeza de que o amadorismo reina nessas aclamadas agências de notícias. No entanto, acreditar na simples inocência desses senhores e cobri-los com um véu de caridade por seus comentários maldosos e, muitas vezes, insultuosos não seria honesto. É necessário compreender muito bem que muitos desses veículos estão ardorosamente comprometidos com a desinformação e com os princípios contrários à reta moral defendida pela Igreja. Daí a quantidade de sandices que surgiram na mídia nos últimos dias.

Logo após o anúncio da decisão do Santo Padre, publicou-se na imprensa do mundo todo que a ação de Bento XVI causaria uma "revolução" sem precedentes na doutrina da Igreja. Uma atrapalhada correspondente de uma emissora brasileira afirmou que a renúncia do papa abriria caminho para as "reformas" do Concílio Vaticano II e que isso daria mais poderes aos bispos. Já outros declaravam que os recentes fatos colocavam em xeque o dogma da "Infalibilidade Papal", proclamado pelo Concílio Vaticano I. Nada mais fantasioso.

É verdade que uma renúncia tal qual a de Bento XVI nunca houve na história da Igreja. A última resignação de um papa aconteceu ainda na Idade Média e em circunstâncias bem diversas. Todavia, isso não significa que o Papa Ratzinger tenha modificado ou inventado qualquer novo dogma ou lei eclesiástica. O direito à renúncia do ministério petrino já estava previsto no Código do Direito Canônico, promulgado pelo Beato João Paulo II em 1983. Portanto, de modo livre e consciente - como explicou no seu discurso - Bento XVI apenas fez uso de um direito que a lei canônica lhe dava e nada nos autoriza a pensar que fora diferente. Usar desse pretexto para fazer afirmações tacanhas sobre dogmas e reformas na Igreja é simplesmente ridículo. Quem faz esses comentários carece de profundos conhecimentos sobre a doutrina católica, sobretudo a expressa no Concílio Vaticano II.

Outros comentaristas foram mais longe nas especulações e atestaram que a renúncia do Papa devia-se às pressões internas que ele sofria por seu perfil tradicionalista e conservador. Além disso, as crises pelos escândalos de pedofilia e vazamentos de documentos internos também teriam pesado na decisão. Não obstante, quem conhece o pensamento de Bento XVI sabe que ele jamais tomaria essa decisão se estivesse em meio a uma crise ou situação que exigisse uma particular solicitude pastoral. E isso ficou muito bem expresso na sua entrevista com o jornalista Peter Seewald - publicada no livro Luz do Mundo - na qual o Papa explica que em momentos de dificuldades, não é possível demitir-se e passar o problema para as mãos de outro.

Mas de todas as notícias veiculadas por esses jornais, certamente as mais esdrúxulas foram as que fizeram referência às antigas "profecias" apocalípiticas que prediziam o fim da Igreja Católica. Numa dessas reportagens, um notório jornal do Brasil dizia: "O anúncio da renúncia do papa Bento 16 fez relembrar a famosa "Profecia de São Malaquias", que anuncia o fim da Igreja e do mundo". É curioso notar o repentino surto de fé desses reconhecidos laicistas logo em teorias que proclamam o fim da Igreja. Isso tem muito a dizer a respeito deles e de suas intenções.

Por fim, também não faltaram os especialistas de plantão e teólogos liberais chamados pelas bancadas dos principais jornais do país para pedir a eleição de um papa "mais aberto". Segundo esses doutos senhores, a Igreja deveria ceder em assuntos morais, permitindo o uso da camisinha, do aborto e casamento gay para conter o êxodo de fiéis para as seitas protestantes. A essas pretensões deve-se responder claramente: A Igreja jamais permitirá aquilo que vai contra a vontade de Deus e nenhum Papa tem o poder de modificar isso. A doutrina católica é imutável. Ademais, os fiéis jovens da Igreja têm se mostrado cada vez mais conservadores e avessos à moral liberal. Inovações liberais para atrair fiéis nunca deram certo e os bancos vazios da Igreja Anglicana são a maior prova disso.

O comportamento vil da mídia secular leva-nos a fazer sérios questionamentos sobre a credibilidade e idoneidade dos chefes de redações que compõem as mesas desses jornais. Das duas, uma: ou esses senhores carecem de formação adequada e por isso seus textos são recheados de ignorâncias e nonsenses, ou então, esses doutos jornalistas têm um sério compromisso com a desinformação e a manipulação dos fatos, algo que está diametralmente oposto ao Código de Ética do Jornalismo. Se fôssemos seguir a cartilha desses órgãos de imprensa, hoje seríamos obrigados a crer que Bento XVI liberou a camisinha, excomungou o boi e o jumento do presépio, acobertou padres pedófilos e mais uma série de disparates que uma simples leitura correta dos fatos seria o suficiente para derrubar a mentira.

Na sua mensagem para o Dia Mundial da Comunicação de 2008, o Papa Bento XVI alertou para os riscos de uma mídia que não está comprometida com a reta informação. "Constata-se, por exemplo, que em certos casos as mídias são utilizadas, não para um correto serviço de informação, mas para «criar» os próprios acontecimentos", denunciou o Santo Padre. Bento XVI assinalou que os meios de comunicação devem estar ordenados para a busca da verdade e a sua partilha. Pelo jeito, a imprensa secular ainda tem muito a aprender com o Santo Padre.

11 de fevereiro de 2013

Papa Bento XVI renuncia ao Papado

Bento XVI anuncia a decisão de deixar o cargo. Sede vacante a partir de 28 de fevereiro. Eleição do novo Papa em março



Eis as palavras com que Bento XVI anunciou a sua decisão:

Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

9 de fevereiro de 2013

Vinho ou suco de uva na Santa Missa?


Suco de uva na Santa Missa?

Saiu na mídia secular uma notícia dizendo que o Arcebispo de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti, autorizou os padres da Arquidiocese a, se quiserem, substituírem o vinho da Santa Missa por suco de uva (!) por conta da Lei Seca (!!). Tive acesso à nota emitida pela “Assessoria de Comunicação da Mitra da Arquidiocese de Curitiba” e, de fato, lá consta a seguinte perturbadora frase:

Os [sacerdotes] que preferirem substituir o vinho com o álcool pelo sem, ou pelo suco de uva, poderão fazê-lo, pois já estão autorizados pelo arcebispo.

Alguns esclarecimentos se fazem necessários. Antes de qualquer outra coisa, eu não acredito que o Arcebispo de Curitiba tenha autorizado a substituição do vinho da Santa Missa por suco de uva, pela simples razão de que suco de uva é matéria inválida para a celebração da Eucaristia. Suco de uva não se transubstancia no Sangue de Cristo mais do Fanta Uva ou Ki-Suco de Uva. Um padre que porventura tentasse celebrar a Santa Missa com suco de uva não conseguiria celebrá-la validamente (= o suco de uva continuaria suco de uva, e não se tornaria jamais o Sangue de Cristo), ainda sendo verdade que o Arcebispo tivesse autorizado semelhante despautério. Igualmente, um padre que trocasse o pão da Santa Hóstia por, digamos, broa de milho, poderia celebrar uma Liturgia impecável que não iria conseguir transformar a broa de milho no Santíssimo Corpo de Cristo. O mesmo vale para o suco de uva. As únicas matérias válidas para a celebração da Eucaristia são aquelas que o próprio Cristo utilizou: pão de trigo e vinho de uva.

Isto se encontra em uma miríade de documentos. P.ex., na Redemptionis Sacramentum (grifos meus):

[50.] O vinho que se utiliza na celebração do santo Sacrifício eucarístico deve ser natural, do fruto da videira, puro e dentro da validade, sem mistura de substâncias estranhas. Na mesma celebração da Missa se lhe deve misturar um pouco d’água. Tenha-se diligente cuidado de que o vinho destinado à Eucaristia se conserve em perfeito estado de validade e não se avinagre. Está totalmente proibido utilizar um vinho de quem se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos. Não se deve admitir sob nenhum pretexto outras bebidas de qualquer gênero, que não constituem uma matéria válida.

Há quatro anos, eu escrevi aqui um texto sobre uma situação idêntica que acontecera em São José dos Pinhais. Para deixar claro: o que se pode autorizar (em situações especialíssimas) é a substituição do vinho pelo mosto. Mosto não é suco de uva; mosto é vinho não-fermentado. Suco de uva não fermenta. Mosto, se você deixar fermentar, vira vinho. São duas coisas bem distintas. Não sei, p.ex., se você pode encontrar mosto no supermercado; mas sei que aqueles sucos de uva de caixinha não são mosto e, portanto, não são matéria válida para a celebração da Eucaristia. O mesmo se pode dizer do suco de polpa de uva que se pode pedir em qualquer lanchonete. Aliás, acho que mosto é uma coisa muito específica (que inclusive exige condições especiais de armazenamento e conservação, posto que senão ele fermenta e vira vinho) que não se encontra tão facilmente assim por aí – o que, por si só, provavelmente já faz com que esta ideia de deixar todo mundo celebrar com mosto esbarre em uma enorme dificuldade de ordem prática.

Mais ainda: não existe autorização da Santa Sé para uso irrestrito de mosto. Pelo contrário, as orientações são específicas em determinar que a licença só seja concedida individualmente:

1. Os Ordinários são competentes para conceder a licença de usar pão com baixo teor de glúten ou mosto como matéria da eucaristia em favor de um fiel ou de um sacerdote. A licença pode ser outorgada habitualmente, até que dure a situação que motivou a concessão. (Congregação para a Doutrina da Fé, Carta Circular aos presidentes das Conferências Episcopais sobre o uso do pão com pouca quantidade de glúten e do mosto como matéria eucarística, 23 de julho de 2003 – grifos meus).

E, por último mas não menos importante, uma lei iníqua e injusta como a Lei Seca não tem potestade de obrigar ninguém a nada. O simples cidadão tem total direito de dirigir após ingerir uma quantidade tal de álcool que não comprometa a sua habilidade de conduzir um veículo, a despeito do que berrem os burocratas. Ora, quanto mais um sacerdote no legítimo exercício de suas funções religiosas! A Lei Seca é inválida no caso geral, mas no caso específico de um padre celebrando a Missa a sua ilegitimidade fica ainda mais patente e clamorosa, porque viola diretamente o direito à liberdade de culto. Com uma tal afronta à lei de Deus não se pode condescender, muito pelo contrário: é mister lutar contra ela.

Em resumo, portanto:

suco de uva é matéria inválida para a celebração do Sacramento da Eucaristia;
considero altamente improvável que Dom Moacyr tenha autorizado o uso de uma matéria inválida para a celebração das Missas em sua diocese;
se, por absurdo, tal autorização houvesse sido dada, ela seria completamente nula, porque ninguém na Igreja (nem mesmo o Papa) tem potestade para alterar a matéria escolhida por Cristo para a celebração dos Sacramentos que Ele instituiu;
provavelmente, portanto, a Mitra quis autorizar o uso de mosto, e não de suco de uva;
conquanto esta hipótese ao menos salvaguarde a validade da Eucaristia, há de se investigar a sua licitude canônica, uma vez que, como foi mostrado, o uso de mosto, segundo determinações específicas da Santa Sé, é para ser autorizado individualmente, e não de modo indistinto em todo o território de uma Diocese; e
por fim, é de se lamentar que uma lei humana flagrantemente injusta tenha movido a Mitra de Curitiba a promulgar tão controversas disposições sobre a Liturgia na Arquidiocese, provocando perplexidade entre os fiéis católicos de todo o Brasil.

*Publicado por Jorge Ferraz (admin) em 04/02/2013, em Deus lo Vult!

1 de fevereiro de 2013

As moedas e o tijolo

Certa vez, em uma grande obra, três operários foram convocados a subir em torre alta para realizar um reparo.
Dos três, um precisou fazer um trabalho mais elaborado e, com isso, ao cair da tarde deparou-se sozinho. Seus companheiros haviam ido embora.
Este homem desesperou-se ao ver que não poderia sair sozinho daquele lugar. Uma trava de segurança o prendia no alto da torre.
De lá, ele gritava desesperado para os transeuntes que passavam em baixo da obra. Sem sucesso, ninguém o ouvia.
Sem saber o que fazer, pôs as mãos no bolso e encontrou três moedas. Pensou consigo, vou joga-las e ao encontrar a moeda no chão a pessoa vai olhar para cima e poderei ser resgatado.
Jogou a primeira moeda. Uma mulher bem vestida passou, olhou para os lados, pegou a moeda e seguiu caminho.
Jogou a segunda moeda. Um senhor abaixou rapidamente a pegou e seguiu caminho.
Jogou a terceira moeda. Um casal pegou a moeda e saiu feliz.
O operário ficou triste. Seu plano deu errado. Já estava sem voz de tanto gritar.
Olhou para o lado e pegou um tijolo, esta seria sua esperança. Esperou passar mais uma pessoa e o atirou.
Com uma velocidade enorme, o tijolo caiu na frente de um homem que com um grande susto e desespero olhou para cima. O operário sinalizou e o resgate foi chamado.

Moral da história

Quantos momentos... quantos momentos... quantos momentos enquanto estamos recebendo alegrias e sortes de bençãos não lembramos de olhar para cima e agradecer a Deus. O esquecemos na alegria.
Já, quando levamos um susto ou passamos por um momento de sofrimento e dor, imediatamente lembramos do Senhor e acabamos olhando para Cima.

A boa notícia é que Deus sempre nos acolhe, na alegria e na tristeza. Seja reconhecedor deste Amor em todas os momentos de seu viver.

"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." (1 Tessalonicenses 5:18)