30 de dezembro de 2013

A flor da honestidade

Conta-se que por volta do ano 250 A.C., na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.

Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de ser sua esposa. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa contou à jovem e desesperou-se ao ver que ela pretendia ir à celebração, indagando preocupada:

- Minha filha, o que você fará lá ? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta ideia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne esse sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu:

- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca. Eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, e isto já me torna feliz.

Na hora marcada, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções.

Em determinado momento, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo.

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Mas passaram-se três meses e nada surgiu.

A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido, Dia após dia. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado.

Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, no prazo combinado, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na data e hora marcada, lá se apresentou, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas cores e formas. A jovem ficou admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.


Finalmente, chegou o momento esperado e o príncipe passou a observar a flor trazida por cada uma das pretendentes, com muito cuidado e atenção. Após analisar todas elas, ele anunciou um resultado surpreendente, indicando a bela mas humilde jovem, do vaso vazio, como sua futura esposa.

O público presente, perplexo, quis saber o motivo, afinal, o desafio previa que se casaria com a moça que lhe trouxesse a mais bela flor e ele escolhera, justamente, a que não cultivara flor alguma.

Então, calmamente, o príncipe esclareceu:

- Esta jovem foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz: A Flor da Honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

29 de dezembro de 2013

A família tem um grande valor para Deus


A sua família é a coisa mais sagrada para Deus, e toda família tem um sentindo único para o Senhor.

"Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe" (Eclo 3, 3).

Nós celebramos, hoje, a Sagrada Família, Jesus, Maria e José. Deus no Seu plano maravilhoso de amor, quis que o Seu filho único, viesse nascer no seio de uma família. Quis o Pai, que o seu Filho no meio de nós tivesse um pai e uma mãe; quis que este mesmo menino crescesse, junto a uma família e formasse o sentido ”Sagrado” da família. É por isso, que hoje, chamamos a festa da Sagrada Família, na confirmação da graça maior, de que toda família é sagrada.

A sua família é a coisa mais sagrada para Deus, e toda família tem um sentindo único para o Senhor. Deus veio no meio de nós, primeiro para resgatar, salvar e dar sentido ao ser família. Ainda que nós, contemplemos as diversas dificuldades que hoje se encontra, para uma família permanecer junta, estável, unida. Porque, são tantas as ameaças que as famílias sofrem. A ameaça do divórcio, da separação, dos desentendimentos; ameaça da traição, ameaça dos filhos que se rebelam contra os pais. São tantos pecados, e tantas coisas que impedem nossas famílias de permanecerem juntas; a família não perde diante de Deus o seu sentido.

Não importa, agora o ponto em que se encontra a sua família. Se ela já sofreu, se ela já teve altos e baixos. No ponto em que você se encontra, lute pela sua família, ore pela sua família, honre a sua família, e peça para Deus, o mesmo Jesus que habitou no meio de uma família, que Ele também habite na sua casa e na sua família.

Primeira coisa: filhos amem, respeitem e cuidem dos pais! Nada justifica os filhos serem grossos, mal educados, responderem, desrespeitarem e desonrarem os seus pais. A benção vai permanecer, para sempre na sua vida, na medida em que você saiba respeitar, honrar e compreender os defeitos do seu pai ou da sua mãe. Mas que os pais saibam ter paciência, também com seus filhos, não sejam egoístas, não tratem seus filhos da mesma forma que foram tratados. No sentido, de que um dia você foi educado com muita dureza, você foi maltratado, não significa que você precisa fazer o mesmo, também com seus filhos!

A base de uma família, é o amor de um pai e de uma mãe. Como o marido precisa se desprender para amar sua esposa, e vice-versa. Estou, hoje, pedindo a Deus, a começar de marido e mulher, de onde brota e nasce toda família; que muitas famílias sejam resgatadas, sejam ali cessadas no amor divino, que as tempestades que batem na porta, das casas de muitas famílias passe. E as famílias permaneçam firmes, de pé, lutando para dar um sentido sagrado ao ”ser família” .

Que Deus, hoje, abençoe sua casa, que Ele abençoe o seu lar. Que cada vez mais, você compreenda que a sua família, é uma Sagrada Família.

Deus abençoe você!

A decisão é sua...


... mas Deus sempre estará contigo. Saiba disso.

28 de dezembro de 2013

Curso de Demonologia com Pe. Paulo Ricardo

Nos dias de hoje, muitas pessoas se sentem desconfortáveis ou até mesmo amedrontadas quando o assunto é Satanás e seus demônios. Qualquer menção, por menor que seja, sobre o Maligno faz brotar em suas mentes uma série de representações cheias de terror. Já outras, provavelmente influenciadas pela literatura e pelo cinema, são atraídas pelo mistério que envolve o tema. Porém, uma coisa é certa, falar do demônio suscita as reações mais adversas entre as pessoas.


Aula 1 - A existência do demônio

Veja o vídeo desta aula 1 e todos outras aulas clicando aqui.

Muitas pessoas se sentem desconfortáveis ou até mesmo amedrontadas quando o assunto é Satanás e seus demônios. Isso se deve, talvez, à ajuda prestada pela literatura e pelo cinema que, com suas representações, envolveu com um ar de mistério e temor a existência de entidades demoníacas e sua ação no mundo. Em alguns casos, vemos atitudes de total aversão ao tema, e em outros, uma curiosidade que vai da mais simples até a mais obsessiva.

Para os católicos, a existência do Diabo e seus demônios é uma verdade de fé. Isso significa que, para aqueles que aderem à Igreja Católica Apostólica Romana, crer na existência dos demônios não é uma opção. Trata-se de condição sine qua non, ou seja, não há um meio de se dizer católico sem se crer naquilo que a Igreja crê e ensina: que Satanás e seus anjos existem e atuam no mundo de modo a perder as almas. Diante disso não há o que temer, pois estudar e entender os seres demoníacos acaba sendo uma importante arma para evitar as suas ciladas. Para tanto, o ponto de partida deste curso será a teologia dogmática e o ponto de chegada a teologia ascético-mística. O curso, no decorrer das aulas, abordará questões basilares tais como a existência do demônio e suas ações para perder as almas (da tentação até a possessão, passando por todos os níveis dos ataques diabólicos).

O Catecismo da Igreja Católica, no número 391, traz uma citação do IV Concílio de Latrão: "Com efeito, o Diabo e outros demônios foram por Deus criados bons em (sua) natureza mas se tornaram maus por sua própria iniciativa". Ora, eles foram criados bons por Deus, mas, livremente escolheram rejeitá-Lo. Assim, pecaram contra Deus de maneira irrevogável. Movidos pelo ódio e pela inveja agiram e continuam agindo para a perdição das almas dos homens. Até mesmo Jesus foi alvo de suas tentações. O Catecismo segue explicando:

A Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama de "homicida desde o princípio" (Jo 8,44) e que até chegou a tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai. "Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para desviar as obras do Diabo" (1Jo 3,9). A mais grave dessas obras, devido às suas consequências, foi a sedução mentirosa que induziu o homem a desobedecer a Deus. (CIC 394)

Os sinais que corroboram a crença perene da Igreja na existência de Satanás e seus demônios, podem ser verificados nos textos da Sagrada Escritura e nos documentos e escritos do Magistério e da Tradição. Embasada nestes três pilares, não há como negar que esta crença faz parte da essência da fé católica.

O Padre José Antonio Sayés Bermejo, um dos teólogos mais importantes da atualidade, com mais de quarenta obras publicadas de teologia e filosofia, escreveu o livro “O Demónio: realidade ou mito?”, publicado pela Ed. Paulus, que servirá de guia para esta aula. Ele explica que o Antigo Testamento praticamente não fala da existência de Satanás e seus demônios, mas que o Novo Testamento apresenta uma explosão sobre o tema. Considerando-se os vocábulos que dizem respeito ao demônio, satanás, possessões, etc., o Novo Testamento apresenta cerca de 511 referências.

Como explicar essa desproporção entre o Antigo e o Novo Testamento? A pedagogia divina. No início da história da salvação, Deus estabelece com Abraão uma aliança e pede que não haja outros deuses além Dele (Ex 20,3). Com o passar do tempo, ensina ao povo de Israel que não existem outros deuses além Dele e, por meio dos profetas, inaugura a luta para livrar Israel da idolatria.

Quando o povo de Israel aceitou Deus como "Criador" e entendeu que o Diabo e seus demônios são também “criaturas”, apareceram as primeiras referências a eles. Isso se deu na época dos escritos sapienciais. Já no chamado intertestamento, tempo em que se não se teve escritos canônicos, mas tão-somente apócrifos, tais como os Manuscritos de Qumram, o I Livro de Enoc e outros relatos da apocalíptica judaica, começaram as primeiras elaborações teológicas acerca do Diabo e seus demônios.

Na plenitude dos tempos, quando Jesus veio ao mundo, nem todo o povo de Israel cria na existência de Satanás. Não era uma unanimidade de pensamento, como no caso dos saduceus que não criam de modo algum nos seres demoníacos. Portanto, é possível dizer que os teólogos modernos cometem um grave erro quando afirmam que a sociedade em que Jesus viveu possuía uma visão “mágica” das coisas e que Ele não quis se dar ao trabalho de desmitologizá-la. Segundo inúmeros relatos, Jesus soube contrapor-se muito bem à mentalidade da época, sem nunca fazer concessões.

Segundo o Pe. Sayés, Jesus cria na existência do Diabo e, para conprovar essa afirmação, apresenta três critérios: 1. a múltipla atestação: são inúmeras as referências existentes nos Evangelhos que narram a ação de Jesus contra os demônios; 2. a questão da descontinuidade: o povo de Israel esperava um Messias político, que o libertasse da opressão dos romanos (quebrando esta expectativa, Jesus prega a conversão e o Reino dos Céus); 3. a identidade de Jesus.

Em relação ao segundo critério, Joachim Jeremias, famoso exegeta protestante que se especializou no estudo do Jesus histórico, é categórico ao afirmar que as três tentações de Jesus no deserto versam sobre o messianismo político. A primeira, que propõe transformar pedras em pães, pode ser interpretada como uma tentativa de induzir o Senhor Jesus a ser o “novo Moisés”, libertando o povo como Moisés libertou o povo do Egito; a segunda, como receber os reinos do mundo para governar; a terceira, como transformar-se numa espécie de "super-homem", realizando algo fantástico e, então, ser seguido por todos.

Todas tentações políticas. Essa espécie de sedução rondou Jesus durante todo o seu ministério, mas Ele sempre resistiu, apresentando o Reino dos Céus como uma realidade espiritual. Portanto, seu inimigo era Satanás e seus demônios, não César.

Interessante são as palavras de Jesus, na famosa passagem em que foi acusado pelos fariseus de expulsar demônios em nome de Belzebu. Esse fato foi narrado nos Evangelhos de Marcos e Lucas, e também no de Mateus, do qual transcrevemos:

Jesus e Beelzebu - Então trouxeram-lhe um endemoninhado cego e mudo. E ele o curou, de modo que o mudo podia falar e ver. Toda a multidão ficou espantada e pôs-se a dizer: “Não será este o Filho de Davi?” Mas os fariseus, ouvindo isso, disseram: “Ele não expulsa os demônios, senão por Beelzebu, príncipe dos demônios”.

Conhecendo seus pensamentos, Jesus lhes disse: “Todo reino dividido contra si mesmo acaba em ruína e nenhuma cidade ou casa dividida contra si mesma poderá subsistir. Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, então, poderá subsistir seu reinado? Se eu expulso os demônios por Beelzebu, por quem os expulsam os vossos adeptos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós. (12,22-28)

Trata-se de um texto evidentemente semítico e permeado de linguagem arcaica. Nisso, os exegetas veem um sinal claro de que se trata realmente de um fato histórico, novamente tomando por base o princípio da múltipla atestação. O reinado de Deus está intrinsecamente ligado ao combate contra Satanás, pois Jesus veio para romper a escravidão produzida pelo pecado para que Deus reine.

O terceiro critério citado pelo Pe. Sayés é a própria identidade de Jesus e a salvação que Ele veio trazer. Ela não se compreende sem se considerar a existência do Diabo e seus demônios. Jesus veio para livrar o homem do pecado, da morte e do Diabo. Esta realidade é tão presente no Novo Testamento que, se for retirada, tudo perde seu sentido. É por isso que se constitui quase que uma traição ao Evangelho a tendência moderna de desmitologização do Novo Testamento encarnada por Rudolf Bultmann. Crer que Jesus Cristo não combateu a Satanás e seus demônios é crer num Jesus diferente daquele narrado nos Evangelhos.

Jesus poderia ter dado aos fariseus qualquer outra resposta, até mesmo negando a existência de Beelzebu, já que não era uma crença unânime entre os judeus, conforme já dito. Mas não, Jesus foi enfático ao dizer que expulsava “pelo dedo de Deus”, definindo Ele mesmo sua obra de salvação.

Da mesma forma, o Novo Testamento, quando se refere ao Diabo, o faz sempre no viés soteriológico. Não existem grandes explicações acerca da natureza demoníaca, nem mesmo uma teoria a esse respeito. Os Santos Padres, porém, são unânimes em confirmar a existência dos demônios e passam a especular sobre a natureza deles. Eles se baseiam principalmente nos livros apócrifos, o que acabou por gerar algumas explicações absurdas. Finalmente, na Idade Média, com Santo Tomás de Aquino, firmou-se um pensamento teológico especulativo bastante sólido acerca da natureza do Diabo e seus demônios e do modo como eles agem.

Ao abordar um tema que suscita reações tão adversas entre as pessoas, mas que, ao mesmo tempo compõe de maneira inequívoca o depósito da fé católica, pretende-se iluminar, com a luz da Igreja, o que foi obscurecido pelo medo e pelo desconhecimento. Falar de Satanás e de seus demônios implica antes e principalmente falar da salvação comprada ao preço do precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus na cruz.


O significado do Sinal da Cruz


Aprendemos este gesto desde crianças, mas realmente conhecemos seu verdadeiro significado?

Nas normas expostas no Missal Romano, quando se explica o comportamento indicado para o momento da proclamação do Evangelho, estabelece-se que o diácono ou o sacerdote que anuncia a Palavra, depois de ter feito o sinal da cruz sobre a página do Lecionário, deve fazê-lo também sobre a testa, sobre os lábios e sobre o coração.

O sinal da cruz triplo também é feito pela assembleia. E tudo isso não pode ser considerado como mero ritual, mas um forte convite que a Igreja faz, sublinhando a grande importância dada ao Evangelho.
A Palavra de Deus, que é sempre a luz que ilumina o caminho dos fiéis, precisa ser acolhida na mente, anunciada com a voz e conservada no coração. Tudo isso nos recorda que é necessário nos empenharmos em compreender a Palavra de Deus com atenção e inteligência iluminada.

Esta Palavra deve ser anunciada e proclamada por todo cristão, porque a evangelização é um dever de todos os batizados. Precisa ser amada e guardada no coração, para tornar-se depois norma de vida.
Todos nós somos convidados a examinar-nos sobre como acolhemos o Evangelho, como nos comprometemos no anúncio desta mensagem, como conformamos nossa vida segundo suas indicações.
Somos convidados a ser um "Evangelho ilustrado", o "quinto Evangelho", não escrito com tinta, mas com a nossa própria vida.

Acolhamos com a mente, anunciemos com os lábios, conservemos no coração o tesouro da Palavra de Deus e, ao longo deste caminho, confiemos nossas vidas ao Senhor, para sermos reflexo da verdadeira luz em meio às trevas do mundo de hoje.

Artigo do Pe. Antonio, monge no Mosteiro de São Bento, de Monte Subiaco, Itália 
via Aleteia - *Jesus Bom Pastor

Os Santos Inocentes

A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, “encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes – ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: ‘Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar’. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: ‘Do Egito chamarei o meu filho’. 

Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: ‘Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem’” (Mt 2,11-20) Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.

Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um “bispo”, estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o “derrubado” oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.

A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Santos Inocentes, rogai por nós!


27 de dezembro de 2013

Novo blog do CEBI-ES

Conheça o novo blog "Por Trás da Palavra" do CEBI - Centro de Estudos Bíblicos - do Espírito Santo.

 Clique na imagem abaixo.

26 de dezembro de 2013

Uma Questão de Escolha


O coração anda no compasso que pode. Amores não sabem esperar o dia amanhecer. O exemplo é simples. O filho que chora tem a certeza de que a mãe velará seu sono. A vida é pequena, mas tão grande nestes espaços que aos cuidados pertencem. Joelhos esfolados são representações das dores do mundo. A mãe sabe disso. O filho, não. Aprenderá mais tarde, quando pela força do tempo que nos leva, ele precisará cuidar dos joelhos dos seus pequenos. 

O ciclo da história nos direciona para que não nos percamos das funções. São as regras da vida. E o melhor é obedecê-las. Tenho pensado muito no valor dos pequenos gestos e suas repercussões. Não há mágica que possa nos salvar do absurdo. O jeito é descobrir esta migalha de vida que sob as realidades insiste em permanecer. São exercícios simples... Retire a poeira de um móvel e o mundo ficará mais limpo por causa de você. É sensato pensar assim. Destrua o poder de uma calúnia, vedando a boca que tem ânsia de dizer o que a cabeça ainda não sabe, e alguém deixará de sofrer por causa de seu silêncio. 

Nestas estradas de tantos rostos desconhecidos é sempre bom que deixemos um espaço reservado para a calma. Preconceitos são filhos de nossos olhares apressados. O melhor é ir devagar. Que cada um cuide do que vê. Que cada um cuide do que diz. A razão é simples: o Reino de Deus pode começar ou terminar, na palavra que que escolhemos dizer. É simples...

25 de dezembro de 2013

Mensagem de Natal do Papa Francisco


Diante de mais de cem mil pessoas que o aguardavam na Praça São Pedro, o Papa Francisco leu em sua sacada, ao meio-dia deste dia de Natal, a mensagem ‘Urbi et Orbi’. Em sua mensagem a lembrança dos sofrimentos que afligem o mundo e o pedido de paz para os países que vivem em guerras.

Desejando um Feliz Natal a todos, Francisco lembrou que a primeira coisa que o Natal nos chama a fazer é dar glória a Deus, porque Ele é bom, é fiel, é misericordioso. O Papa espera que “todos possam sentir que Deus está perto, possam estar na sua presença, amá-Lo e adorá-Lo”.

O Papa frisou que “a verdadeira paz não é um equilíbrio entre forças contrárias; não é uma bela ‘fachada’, por trás da qual há contrastes e divisões. A paz é um compromisso de todos os dias, que se realiza a partir do dom de Deus, da graça que Ele nos deu em Jesus Cristo”.

A partir daí, disse o Papa, “pensamos nas crianças que são as vítimas mais frágeis das guerras, nos idosos, nas mulheres maltratadas, nos doentes… As guerras dilaceram e ferem tantas vidas!”.

“Muitas vidas dilacerou, nos últimos tempos, o conflito na Síria, fomentando ódio e vingança. Continuemos a pedir ao Senhor que poupe novos sofrimentos ao amado povo sírio, e as partes em conflito ponham fim a toda violência e assegurem o acesso à ajuda humanitária”.

Depois lembrou a situação da República Centro-Africana, frequentemente esquecida dos homens e “dilacerada por uma espiral de violência e miséria onde muitas pessoas estão sem casa, sem água nem comida, sem o mínimo para viver”.

Ainda sobre o continente africano, o Papa pediu “concórdia no jovem Estado do Sudão do Sul e na Nigéria, países onde a convivência pacífica tem sido ameaçada por ataques que não poupam inocentes nem indefesos”.

Como sempre, Francisco dedicou um pensamento aos deslocados e refugiados, especialmente no Chifre da África e no leste da República Democrática do Congo:

“Fazei que os emigrantes em busca duma vida digna encontrem acolhimento e ajuda. Que nunca mais aconteçam tragédias como aquelas a que assistimos este ano, com numerosos mortos em Lampedusa”.

Passando ao Oriente Médio, Francisco clamou pela “conversão do coração dos violentos, por um desfecho feliz das negociações de paz entre israelenses e palestinos e pela cura das chagas do amado Iraque, ferido ainda frequentemente por atentados”.

O Papa mencionou ainda outro tema que o preocupa:

“Tocai o coração de todos os que estão envolvidos no tráfico de seres humanos, para que se deem conta da gravidade deste crime contra a humanidade. Voltai o vosso olhar para as inúmeras crianças que são raptadas, feridas e mortas nos conflitos armados e para quantas são transformadas em soldados, privadas da sua infância”.

Sempre sensível à questão ambiental e às consequências dos nossos maus comportamentos, o Pontífice chamou a atenção para “a ganância e a ambição dos homens e pediu proteção para as vítimas de calamidades naturais, especialmente o querido povo filipino, gravemente atingido pelo recente tufão”.

Francisco terminou sua fala com uma mensagem de esperança:

“Deixemos que o nosso coração se comova, se incendeie com a ternura de Deus; precisamos das suas carícias. Deus é grande no amor; Deus é paz: peçamos-Lhe que nos ajude a construí-la cada dia na nossa vida, nas nossas famílias, nas nossas cidades e nações, no mundo inteiro. Deixemo-nos comover pela bondade de Deus”.

Na sequência, o Papa Francisco fez votos de Feliz Natal aos fiéis reunidos na Praça e aos que estavam em conexão no mundo inteiro através dos meios de comunicação, invocando os dons natalícios da alegria e da paz para todos: para as crianças e os idosos, para os jovens e as famílias, para os pobres e os marginalizados.

“Nascido para nós, Jesus conforte quantos suportam a prova da doença e da tribulação; e sustente aqueles que se dedicam ao serviço dos irmãos mais necessitados. Feliz Natal!”, concluiu o Papa, concedendo a bênção Urbi et Orbi.

24 de dezembro de 2013

O solstício de inverno e o Natal de Jesus Cristo


"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória..." (Jo 1,14).

A encarnação do Verbo de Deus assinala o início dos "últimos tempos", isto é, a redenção da humanidade por parte de Deus. Cega e afastada de Deus, a humanidade viu nascer a luz que mudou o rumo da sua história. O nascimento de Jesus é um fato real que marca a participação direta do ser humano na vida divina. Esta comemoração é a demonstração maior do amor misericordioso de Deus sobre cada um de nós, pois concedeu-nos a alegria de compartilhar com ele a encarnação de seu Filho Jesus, que se tornou um entre nós. Ele veio mostrar o caminho, a verdade e a vida, e vida eterna. A simbologia da festa do Natal é o nascimento do Menino-Deus.

No início, o nascimento de Jesus era festejado em 6 de janeiro, especialmente no Oriente, com o nome de Epifania, ou seja, manifestação. Os cristãos comemoravam o natalício de Jesus junto com a chegada dos reis magos, mas sabiam que nessa data o Cristo já havia nascido havia alguns dias. Isso porque a data exata é um dado que não existe no Evangelho, que indica com precisão apenas o lugar do acontecimento, a cidade de Belém, na Palestina. Assim, aquele dia da Epifania também era o mais provável em conformidade com os acontecimentos bíblicos e por razões tradicionais do povo cristão dos primeiros tempos.

Entretanto, antes de Cristo, em Roma, a partir do imperador Júlio César, o 25 de dezembro era destinado aos pagãos para as comemorações do solstício de inverno, o "dia do sol invencível", como atestam antigos documentos. Era uma festa tradicional para celebrar o nascimento do Sol após a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Para eles, o sol era o deus do tempo e o seu nascimento nesse dia significava ter vencido a deusa das trevas, que era a noite. 

Era, também, um dia de descanso para os escravos, quando os senhores se sentavam às mesas com eles e lhes davam presentes. Tudo para agradar o deus sol.

No século IV da era cristã, com a conversão do imperador Constantino, a celebração da vitória do sol sobre as trevas não fazia sentido. O único acontecimento importante que merecia ser recordado como a maior festividade era o nascimento do Filho de Deus, cerne da nossa redenção. Mas os cristãos já vinham, ao longo dos anos, aproveitando o dia da festa do "sol invencível" para celebrar o nascimento do único e verdadeiro sol dos cristãos: Jesus Cristo. De tal modo que, em 354, o papa Libério decretou, por lei eclesiástica, a data de 25 de dezembro como o Natal de Jesus Cristo.

A transferência da celebração motivou duas festas distintas para o povo cristão, a do nascimento de Jesus e a da Epifania. Com a mudança, veio, também, a tradição de presentear as crianças no Natal cristão, uma alusão às oferendas dos reis magos ao Menino Jesus na gruta de Belém. Aos poucos, o Oriente passou a comemorar o Natal também em 25 de dezembro.

Passados mais de dois milênios, a Noite de Natal é mais que uma festa cristã, é um símbolo universal celebrado por todas as famílias do mundo, até as não-cristãs. A humanidade fica tomada pelo supremo sentimento de amor ao próximo e a Terra fica impregnada do espírito sereno da paz de Cristo, que só existe entre os seres humanos de boa vontade. Portanto, hoje é dia de alegria, nasceu o Menino-Deus, nasceu o Salvador.