31 de maio de 2011

A palavra anjo indica o ofício, não a natureza

É preciso saber que a palavra anjo indica o ofício, não a natureza. Pois estes santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre podem ser chamados de anjos, porque somente são anjos quando por eles é feito algum anúncio. Aqueles que anunciam fatos menores são ditos anjos; os que levam as maiores notícias, arcanjos.

Foi por isto que à Virgem Maria não foi enviado um anjo qualquer, mas o Arcanjo Gabriel; para esta missão, era justo que viesse o máximo anjo para anunciar a máxima notícia.

Por este motivo também a eles são dados nomes especiais para designar, pelo vocábulo, seu poder na ação. Naquela santa cidade, onde há plenitude da ciência pela visão do Deus onipotente, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros. Mas quando vêm até nós para cumprir uma missão, trazem também entre nós um nome derivado desta missão. Assim Miguel significa: "Quem como Deus?"; Gabriel, "Força de Deus"; e Rafael, "Deus cura".
  
Todas as vezes que se trata de grandes feitos, diz-se que Miguel é enviado, porque pelo próprio nome e ação dá-se a entender que ninguém pode por si mesmo fazer o que Deus quer destacar. Por isto, o inimigo, quer por soberba cobiçar ser igual a Deus, dizendo: Subirei ao céu, acima dos astros do céu erguerei meu trono, semelhante ao Altíssimo (cf. Is.14,13-14), no fim do mundo, quando será abandonado às próprias forças para ser destruído no extremo suplício, pelejará com o arcanjo Miguel, como diz João? "Houve então uma batalha no céu" (Ap. 12,7).



A Maria é enviado Gabriel, que significa "Força de Deus". Vinha anunciar aquele que se dignou aparecer humilde para combater as potestades do ar. Portanto, devia ser anunciado pela força de Deus o Senhor dos exércitos que vinha poderoso no combate.




Rafael, como dissemos, significa "Deu cura", porque ao tocar nos olhos de Tobias, como que num ato de cura, lavou as trevas de sua cegueira. Quem foi enviado a para, com justiça se chamou "Deus cura".





(Trecho extraído: Riquezas da Igreja, Prof.º Felipe Aquino (org.), Canção Nova, 2ª ed.)

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