25 de abril de 2009

As Primeiras Comunidades

As três primeiras gerações do Cristianismo primitivo

Quando falamos em comunidades cristãs primitivas, referimo-nos às primeiras comunidades desde sua origem após a paixão, morte e ressurreição de Jesus até a redação do último escrito do segundo Testamento, em torno do ano 130. Todo esse tempo pode ser dividido em três etapas.
A primeira é conhecida como época apostólica. É a primeira geração de seguidores de Jesus de Nazaré. São aqueles que conheceram Jesus ou que aderiram a ele ainda nos primeiros anos do movimento cristão. A época apostólica vai desde o ano 30 até em torno de 67, quando provavelmente os primeiros seguidores de Jesus já haviam morrido ou haviam sido mortos.
Embora se costume chamar esse período de apostólico, foram, na verdade, poucos os apóstolos que se sobressaíram nessa época, ao menos pelas informações dos livros que compõem o Segundo Testamento. Conforme os evangelhos, apenas os dois pares de irmãos – Pedro e André, Tiago e João – apareceram freqüentemente na companhia de Jesus (Mc 1, 16.29;5,37;9,2;13,3;14,33). Tiago foi executado por Herodes Agripa I em torno do ano 43 (At 12, 1 -2).João aparece somente como coadjuvante de Pedro em algumas cenas (At 3,1-4.11;4,13;8,14;Gl 2,9). No capítulo 5 de Atos, além de Pedro, faz-se uma referência vaga aos apóstolos.
Dos Doze resta, portanto, apenas Simão Pedro. Paulo costumava chamar-lhe Cefas. Temos bastantes notícias a respeito de sua atuação. Além de ter maior destaque nos evangelhos, onde representa os Doze, aparece também com destaque no Livro de Atos (1,13.15;2,14ss;3,1ss;4,1-22;5,1ss;8,14-25;9,32ss;10,1-11,18;12,1-19;15,7-12).Paulo também faz referência a ele em suas cartas (1Cor 1,12;3,22;9,5;15,5;Gl 1,18;2,1-14).
Além desse apóstolos , precisamos lembrar ainda outros como Paulo, que faz questão de defender seu título de “apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus” (rm 1,1;1Cor 1,1; 2Cpr 1,1), Junia e Andrônico (Rm 16,7).
Segundo a tradição, Paulo e Pedro foram mortos em Roma na época da perseguição do imperador Nero, por volta do ano 65. Assim sendo, passados uns 30 anos da morte de Jesus, os únicos apóstolos de quem se tem maiores informações já estão todos mortos.
Este período apostólico (entre 30 e 67) pode ser dividido em dois momentos claramente distintos. O primeiro é o anterior à assembléia de Jerusalém em 49, também conhecida por concílio de Jerusalém. Tal como do tempo de Jesus, não temos nenhum escrito bíblico desse período. O que sabemos, além das informações do historiador Judeu Flávio Josefo, vem de escritos posteriores. O segundo momento da época apostólica vai desde o concílio de Jerusalém até em torno de 67. É o tempo áureo da missão de Paulo e sua equipe pastoral.
O segundo período das comunidades primitivas é a chamada época subapostólica. É o tempo da segunda geração de cristãos. Esse tempo corresponde aos anos que vão desde, mais ou menos 67, até por volta de 97, quando então inicia o período pós-apostólico, isto é, a terceira geração de comunidades cristãs.

Quando as pessoas começaram a ser chamas de cristãs?
Antioquia foi um centro importante em que se desenvolveram comunidades cristãs. Segundo Atos 11,26, foi em Antioquia que as pessoas que seguiam a Jesus começaram a ser chamadas de cristãs. Elas foram pioneiras em acolher em suas comunidades pessoas que não eram judias. Acolhiam-nas sem que tivessem que se submeter à lei judaica, especialmente à da circuncisão. Dessa prática, vieram as primeiras tensões com as comunidades de Jerusalém. É que Jerusalém era outro centro importante de igrejas cristãs. Mas havia uma diferença fundamental.Eram comunidades de origem judaica observantes dos costumes judeus.E não só observavam a lei judaica. Queriam que os estrangeiros convertidos a Jesus também passassem a cumprir as exigências da lei de Moisés.
Obs: A pregação central das Jovens Igrejas estava fundamentada na morte e RESSUREIÇÃO de Jesus Cristo: 1 Cor 15,3-4.

Algumas Comunidades:

“Comunidades do discípulo Amado”
Chamamos essas igrejas primitivas de “comunidades do Discípulo amado” ou seja João, porque há no evangelho um discípulo, representando todas essas comunidades, que é chamado várias vezes, como “o discípulo que Jesus amava”. Veja as seguintes citações: Jo 13,23; 19,26;20,2; 21,7.20! em Jo 11,5.36, ainda afirma que Jesus amava Marta, Maria e Lázaro.
“Comunidades de Marcos”
Além das comunidades do Discípulo Amado, podemos perceber também outras igrejas que se organizam na mesma região. São os grupos que nos brindarão com o Evangelho de Marcos pelo ano 70.
Os autores de Marcos estão interessados em animar as comunidades galiléias a se manterem vigilantes e firmes na fé, apesar das perseguições durante a guerra judaico-romana (Mc 13). Querem também estimulá-las a perseverarem firmes na mesma prática de Jesus (Mc 6,7-13)
“Comunidades de Jerusalém”
Segundo o Livro dos Atos, desde cedo formaram comunidades também em Jerusalém e arredores. Seus líderes eram apóstolos galileus de um lado e , de outro familiares de Jesus At 1,12-14.
“Comunidades Helenistas”
Historicamente, os helenistas terão atuado de forma independente em relação apóstolos e familiares de Jesus sediados em Jerusalém. Sua forma de viver a fé em Jesus e de evangelizar era autônoma, assim como também era a caminhada das comunidades da Galiléia e arredores.
As comunidades de Jerusalém eram fiéis às tradições de Israel e AP templo. Os Helenistas, ao contrário, eram críticos ao santuário e à lei.Com essa forma diferente de viver o Evangelho de Jesus, compraram briga especialmente com quem controlava a lei no templo.Era o sinédrio, composto por anciãos, sacerdotes, escribas, entre outros.(At 6,12.15;7,1).Sua prática é a de abertura a outras etnias, ao acesso universal à Boa Nova do Nazareno.

Paulo, o apóstolo dos gentios (pagãos)

Diferentemente de Atos, Paulo não se demora muito, em suas cartas, para descrever o processo de mudança que ocorreu em sua vida. As poucas vezes em que se refere à transformação ocorrida em sua história, o faz para insistir na autenticidade de sua missão como verdadeiro apostolo. As três narrativas de Lucas em atos, de acordo com a teologia a respeito da difusão do evangelho, certamente querem ressaltar a importância dessa transformação que não somente mudou a vida de Paulo, mas também deu novos rumos à caminhada das Jovens Igrejas.

Fonte: Ildo Bohn Gass. Uma introdução à Bíblia: as primeiras comunidades cristãs da primeira geração. 2ª ed. v.7. São Paulo: Paulus/Cebi, 2006.

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