20 de janeiro de 2013

Odetinha, a história de uma santa

Fantástico ouve relatos de supostos milagres da menina Odetinha

Igreja começou uma investigação para confirmar milagres atribuídos à menina que pode ser declarada a primeira santa carioca.



Filha de comerciantes portugueses, ela gostava de fazer o bem, de ajudar a quem quer fosse.

Morreu criança, aos 9 anos, e geração a geração vem conquistando devotos, em busca de graças.

O mistério de Odetinha persiste há mais de 70 anos e ganhou, agora, um novo capítulo.

A Igreja começou uma investigação para confirmar milagres atribuídos à menina. Um processo que pode levar Odetinha a ser declarada santa.

Uma santinha que pulava Carnaval? “Apareceu até fantasiada de marinheira”, contou a Irmã Conceição Milagres.

Só o túmulo de Carmem Miranda é mais visitado do que o dela, no Rio. Odete Vidal de Oliveira, a Odetinha, morreu em 1939, aos 9 anos. Mas ainda em vida, sua fama de santa corria a vizinhança.

“Era muito caridosa, amava Jesus, fazia tudo para os pobres, para os doentes”, disse a advogada Dulcezita Close.

“Fazia coisas que só uma santinha mesmo poderia fazer”, disse a dona de casa Jurema da Silva.

Filha única, cresceu no Rio de Janeiro dos anos 30, cercada de mimos pelos pais comerciantes.

“Família rica, portugueses, onde trabalhavam com o maior depósito de carnes de todo o Rio de Janeiro”, disse o abade Dom Roberto Lopes.

Dias antes de cair doente com febre tifóide e meningite, a menina rica que ajudava os pobres teria previsto a própria morte.

“Ela foi até a escola, foi a última vez que ela foi à escola, e ela fez aquilo que é próprio da criança: brincou, jogou com as meninas e deixou claro para todo mundo: ‘essa é a última vez que eu venho à escola’. E perguntaram: ‘mas por quê?’ ‘Porque eu vou morrer’”, disse Dom Roberto.

A Igreja Católica diz que há indícios suficientes para pedir a beatificação de Odetinha, processo que começou oficialmente na semana passada, com a exumação dos restos mortais da menina, sob sigilo absoluto.

“Todos os componentes, eu tenho que fazer um juramento, e toda a equipe”, disse Dom Roberto.

Fantástico: Quer dizer, não teve nenhuma documentação de nada, nem filmagens, nem fotos?

Dom Roberto: Não. A única documentação é escrita.

Dom Roberto Lopes é o delegado episcopal para a causa dos santos da arquidiocese do Rio. Ele é o juiz do tribunal canônico instalado, na sexta-feira passada, para investigar a santidade de Odetinha.

Dom Roberto: Nós seguimos o direito canônico.
Fantástico: E quem será julgada é a Odetinha, é isso?
Dom Roberto: Eu diria que será analisada a vida dela.

A arquidiocese do Rio acredita que essa primeira parte da investigação da vida de Odetinha será concluída em um ano e, em seguida, encaminhada ao Vaticano. Aí começa a etapa mais difícil, a comprovação dos milagres. O primeiro atribuído a ela, seria a cura de sua própria mãe, a fundadora de uma obra social, em Nova Iguaçu.

Adriano Bresciani era afilhado da mãe de Odetinha. Hoje ele é voluntário da obra social deixada pela madrinha, Alice Vidal.

Adriano conta que, depois da morte de Odetinha, Alice foi atropelada por uma bicicleta e atingida na perna.

Fantástico: O ferimento foi grande?
Adriano Bresciano: Foi mais ou menos de uns 10 centímetros?
Fantástico: Ficou feio?
Adriano: Ficou feio.

Havia risco de amputação. Então, Adriano foi ao túmulo de Odetinha fazer um pedido.

“Eu acho que você vai conseguir a cura da perna da sua mãe pedindo isso a Jesus”, disse o aposentado.

Depois foi contar à madrinha. "Eu vou colocar a água na bacia, eu vou colocar as pétalas de rosa conforme eu combinei com a Odetinha lá no túmulo, e a senhora vai banhar a sua perna, a perna do ferimento”, conta o aposentado.

Alice fez o que o afilhado pediu. No dia seguinte, foi ver o resultado.

Adriano: Abaixou a meia, e quando ela abaixou a meia, caiu o curativo, e não tinha mais nada.
Fantástico: O ferimento estava curado?
Adriano: Tinha sumido.

Desde sexta passada, quando os restos mortais de Odetinha percorreram igrejas do Rio, novos relatos apareceram.

“Uma santa faz milagre”, disse a manicure Ivonete Freire.

O médico de Maria de Lourdes disse que ela nunca teria filhos. “Eu engravidava. Só que com três meses eu começava a perder, e perdia”, disse a comerciante Maria de Lourdes Lima Campo.

Então ela foi ao túmulo de Odetinha. “Ajoelhei nos pés da cama e pedi. Que eu queria muito um bebê. Se eu conseguisse e fosse uma menina, eu botava o nome dela”, disse a comerciante.

Nove meses depois, nascia uma menina.

Fantástico: O nome dela?
Maria: Odete.

Dona Alaíde tem 90 anos. Ela ia à missa com Odetinha.

Fantástico: Ela já tinha aquela fama de menina caridosa, de ajudar os pobres?

“Tinha. Ela não podia ver um pobre, era uma coisa que ela chamava pra dentro de casa, dava comida”, disse a aposentada Alaíde Batista.

E depois da morte da menina, testemunhou o que seria um milagre, quando a máquina de lavar da escola onde estudava quase decepou a mão de uma colega.

“A moça descuidada botou a mão e quase perde a mão. Aí ela gritou: ‘valha-me minha Odetinha’ e aí a máquina parou”, conta a aposentada.

A igreja vai examinar os milagres, um a um. “Com muita prudência, analisando esses casos para verificar se são autênticos milagres. E quando nós falamos um milagre autêntico, é algo que a medicina jamais explicaria aquela cura”, disse Dom Roberto.

Para se tornar beata, Odetinha tem de ter um milagre comprovado.

Para ser oficialmente santa, precisará mais.

“Este milagre que foi favorável para a beatificação já não vale, nós temos que encontrar um outro milagre para que realmente possa haver a canonização, que é a última etapa”, disse Dom, Roberto.

Difícil vai ser fazer o povo esperar. A devoção à menina é tão antiga quanto suas façanhas milagreiras.

Fantástico: Uma vez canonizada, ela seria chamada Santa Odetinha, é isso?
Dom Roberto: O nome dela é Odete Vidal, mas evidente que, popularmente, quem manda é o povo. O povo a chama já de Odetinha, com certeza será Odetinha.

14 de janeiro de 2013

O outro lado do Caminho

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam" (Salmos 23, 4).

Somente a Deus é reservado o direito de recolher a vida de sua criação humana. Entretanto, somos pegos com tristes notícias de irmãos que atentam contra a própria vida (CIC 2281) e até contra a vida de outros (Ex 23, 7). Fica a pergunta diante de tais situações: Como devemos reagir diante da morte? 

A Santa Igreja Católica em seu Catecismo nos ensina que:

A morte é o fim da peregrinação terrena do homem, do tempo de graça e misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrena segundo o plano divino e para decidir o seu destino último. Quando acabar “a nossa vida sobre a terra, que é só uma” (LG 48), não voltaremos a outras vidas terrenas. “Os homens morrem uma só vez” (Heb 9, 27). Não existe “reencarnação” depois da morte (CIC 1013).

Pois bem, fim da peregrinação terrena do homem. Estamos aqui de passagem. Não somos “donos” da vida humana, nascemos pela explosão de Amor de um Deus Vivo. Tudo o que existe foi feito para você e para mim. Assim como um pintor espalha a tinta com cuidado em sua tela, o nosso Pai “pintou” tudo o que está à sua volta, inclusive as pessoas que você ama para que desfrutem junto contigo a beleza da criação até o dia que a morte chegará.

Ela não é injusta, somente é uma porta. O que pode ser "injusto" é como passamos por esta porta. Nunca devemos culpar o Senhor por acidentes, injustiças humanas, tragédias naturais e semelhantes. Ora, se Deus é Amor, como permitiria tais fatos? Somos livres em Cristo Jesus. Mas é na liberdade que o mundo prega que erramos e buscamos as “desculpas” para julgarmos Deus como um “monstro mau”. Nunca na sua história Deus vai te impedir de fazer algo. Nunca! Ele mostra o caminho certo em nossa liberdade e estende a Mão, cabendo-nos a escolha da vida (Dt 30,19). E o que vemos? A escolha da morte. 


Foi através do pecado que a morte entrou no mundo (Rm 5, 12) mas, o instinto humano quer vida. Isso é de Deus! Há uma diferença entre o medo da morte e o medo de morrer. O cristão não deve temer a morte. São Francisco de Assis em seu leito exclamou: “Bem-vinda sejas, irmã minha, a morte!”. O medo de morrer nos afasta das situações de risco. 

No céu, "Deus enxugará as lágrimas dos seus olhos, e a morte não existirá mais, nem haverá mais luto, nem pranto, nem fadiga, porque tudo isso já passou" (Ap 21,4). É nesta promessa que devemos crer. A morte é o caminho da Vida Eterna junto ao Criador e a Igreja Celestial.

Quando na Vontade do Senhor a irmã Morte vier fazer uma visita, não se desespere. "O desespero opõe-se à bondade de Deus, à sua justiça - porque o Senhor é fiel as suas promessas - e à sua misericórdia" (CIC 2091). Temos o direito de ficarmos tristes, sim! Até Jesus chorou (João 11, 35). Mas, sempre firmes na Misericórdia Divina.

Diante da notícia da morte, a gênese de nossas lágrimas só poderá vir de duas emoções: saudade ou remorso. O choro da saudade será o remédio para alma que amou. Já o choro do remorso, o ácido para um perdão não dado. "O coração chora de acordo com seu amor" (Santa Catarina de Sena). 

“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum vivente pode escapar  (São Francisco de Assis)


Diante de tudo que foi exposto e de suas experiências, pense: o que sentirei se "tal" pessoa partisse para os braços do Pai neste momento?

Um abraço fraterno,

Allan Fantinato
Equipe Turma do Crisma