23 de outubro de 2012

O novo cartão-postal de São Paulo


Estadão – Oito anos e várias promessas de inauguração depois, será aberto em 2 de novembro, com a missa de Finados, o megatemplo do famoso padre Marcelo Rossi, na região de Santo Amaro, zona sul. “Será um novo cartão-postal de São Paulo”, entusiasma-se o sacerdote. “Uma construção para durar 700 anos.” Com capacidade para 20 mil pessoas – e mais até 80 mil na área externa -, será a maior igreja católica de São Paulo.

Para a missa de inauguração, às 11h do dia 2, estão confirmadas as presenças dos cantores Alexandre Pires e Agnaldo Rayol. Batizado de Santuário Theotokos – Mãe de Deus, a igreja foi construída em um terreno de 30 mil m² na Avenida Interlagos. Antes, o local abrigava uma indústria de cervejas.

Trata-se do quarto endereço das badaladas missas do sacerdote mais pop do Brasil. Nos outros locais, sempre galpões alugados na região de Santo Amaro, ele enfrentou uma série de problemas com vizinhos, incomodados com o barulho dos eventos religiosos e o grande número de peregrinos católicos.O terreno definitivo foi comprado em julho de 2004. “Custou R$ 6 milhões”, conta padre Marcelo, ressaltando que pagou mais da metade e o restante foi doado pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes. Depois disso, toda a renda obtida com a venda de seus produtos é revertida à construção da igreja.

Ainda em 2004 surgiu um parceiro de renome. “O arquiteto Ruy Ohtake doou o projeto”, conta o padre. “Como católico, quero o bem da humanidade”, comenta o arquiteto. “Quando elaborei o projeto, desenhei o espaço procurando reflexão e meditação.”

O que seria um presente acabou se revelando um problema. “Com o projeto cheio de curvas, tudo passou a custar dez vezes mais”, diz o padre. Ele não revela, de jeito nenhum, o valor gasto nas obras. De acordo com suas contas, o templo terá capacidade para 100 mil pessoas. “Será o maior do mundo”, exagera – na Basílica de São Pedro, no Vaticano, cabem 60 mil fiéis apenas na área interna. Ohtake é mais comedido: diz que a igreja comportará em torno de 20 mil pessoas, mais 60 mil no pátio descoberto.

A maquete foi apresentada em dezembro de 2004. No projeto, uma cruz de 44 metros de altura que pode ser vista a 1 km de distância. Tudo em estilo moderno contemporâneo, bem longe da estética tradicional dos templos do catolicismo. Graças às curvas, o pé-direito varia de 6 a 25 metros. A marca principal é o altar, de 5 metros. Outro ponto nobre: uma cripta, sob o altar, onde serão guardados restos mortais de padres e bispos da Diocese de Santo Amaro.

Foram muitas as promessas de inauguração: novembro de 2005, maio de 2006, Natal de 2006, julho de 2007 e… “Será em algum agosto. O de Deus”, passou a esquivar-se, de quatro anos para cá.

Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o padre contou que dinheiro foi o principal problema. “Em 2009, em um almoço, d. Fernando (Figueiredo, bispo de Santo Amaro) disse que nem com décadas de venda de CDs conseguiríamos pagar o Santuário”, relata. “Fiquei muito chateado.” Mas o padre foi salvo por um best-seller. Lançado em 2010, o livro Ágape vendeu 8,2 milhões de cópias. E trouxe na esteira outros sucessos: o CD Ágape (1,9 milhões de cópias vendidas), o livro infantil Agapinho (600 mil), o DVD Ágape Amor Divino (302 mil) e o CD de mesmo nome (283 mil). “Isso tudo viabilizou nossa obra”, conta.

Considerado um polo gerador de tráfego por reunir mais de 500 pessoas, o santuário teve de cumprir uma lista de exigências da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para reduzir impactos no trânsito. Mas o pacote de obras viárias não tem alcance para evitar longos congestionamentos em dias de maior movimento. O órgão solicitou apenas instalação de semáforos, placas de sinalização, câmera de monitoramento e guias rebaixadas, entre outras medidas paliativas.

Erguida em uma das vias mais congestionadas da cidade, a igreja tem acesso pelo corredor norte-sul ou pela Marginal do Pinheiros. Segundo os responsáveis pela obra, a maior parte dos fiéis usa fretados ou transporte público. Nesse caso, a preocupação recai sobre o tamanho do estacionamento para ônibus.

21 de outubro de 2012

Homilia do Papa: canonização de sete beatos da Igreja

Santa Missa - Canonização de sete beatos da Igreja
Praça São Pedro
Domingo, 21 de outubro de 2012

O Filho do homem veio para servir e dar a sua vida como resgate para muitos (cf. Mc 10,45)

Venerados irmãos,

Queridos irmãos e irmãs!

Hoje a Igreja escuta mais uma vez estas palavras de Jesus, pronunciadas durante o caminho rumo a Jerusalém, onde devia cumprir-se o seu mistério de paixão, morte e ressurreição. São palavras que manifestam o sentido da missão de Cristo na terra, marcada pela sua imolação, pela sua doação total. Neste terceiro domingo de outubro, no qual se celebrar o Dia Mundial das Missões, a Igreja as escuta com uma intensidade particular e reaviva a consciência de viver totalmente em um perene estado de serviço ao homem e ao Evangelho, como Aquele que se ofereceu a si mesmo até o sacrifício da vida.

Dirijo a minha cordial saudação a todos vós, que encheis a Praça de São Pedro, nomeadamente as Delegações oficiais e os peregrinos vindos para festejar os novos sete Santos. Saúdo com afeto os Cardeais e Bispos que nestes dias estão participando da Assembléia sinodal sobre a Nova Evangelização. É providencial a coincidência entre esta Assembléia e o Dia das Missões; e a Palavra de Deus que acabamos de escutar se mostra iluminadora para ambas. Esta nos mostra o estilo do evangelizador, chamado a testemunhar e anunciar a mensagem cristã conformando-se a Jesus Cristo, seguindo o Seu mesmo caminho.

O Filho do homem veio para servir e dar a sua vida como resgate para muitos (cf. Mc 10,45)

Estas palavras constituíram o programa de vida dos sete beatos que a Igreja hoje inscreve solenemente na gloriosa fileira dos Santos. Com coragem heróica eles consumiram a sua existência na consagração total a Deus e no serviço generoso aos irmãos. São filhos e filhas da Igreja, que escolheram a vereda do serviço seguindo o Senhor. A santidade na Igreja teve sempre a sua fonte no mistério da Redenção, que já prefigurava o profeta Isaías na primeira Leitura: o Servo do Senhor, o justo que "fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas" (Is 53,11), é Jesus Cristo, crucificado, ressuscitado e vivo na glória. A celebração hodierna constitui uma confirmação eloquente dessa misteriosa realidade salvífica. A tenaz profissão de fé destes sete discípulos generosos de Cristo, a sua conformação ao Filho do Homem resplandece hoje em toda a Igreja.

Jacques Berthie, nascido em 1838, na França, foi desde muito cedo um enamorado de Jesus Cristo. Durante o seu ministério paroquial, desejou ardentemente salvar as almas. Ao fazer-se jesuíta, queria percorrer o mundo para a glória de Deus. Pastor incansável na Ilha de Santa Maria e depois em Madagascar, lutou contra a injustiça, levando alívio para os pobres e enfermos. Os malgaxes o consideravam um sacerdote vindo do céu, e diziam: Tu és o nosso "pai e mãe"! Ele se fez tudo para todos, haurindo na oração e no amor do Coração de Jesus a força humana e sacerdotal para enfrentar o martírio, em 1896. Morreu dizendo: "Prefiro antes morrer que renunciar à minha fé". Queridos amigos, que a vida deste evangelizador seja um encorajamento e um modelo para os sacerdotes, para que sejam homens de Deus como ele o foi! Que o seu exemplo ajude os numerosos cristãos que são perseguidos por causa da sua fé nos dias de hoje! Que a sua intercessão, durante este ano da fé, produza frutos em Madagascar e no Continente africano! Que Deus abençoe o povo malgaxe!

Pedro Calungsod nasceu aproximadamente no ano 1654, na região de Visayas, nas Filipinas. Seu amor a Cristo o inspirou a preparar-se como catequista com os missionários jesuítas da região. Em 1668, junto com outros dois jovens catequistas, acompanhou o Padre Diego Luiz de San Vitores para as Ilhas Marianas com o fim de evangelizar o povo Chamorro. Nesse lugar, a vida era difícil e os missionários enfrentaram a perseguição nascida da inveja e de calúnias. Pedro, contudo, demonstrou uma grande fé e caridade, e continuou catequizando os seus muitos convertidos, dando testemunho de Cristo através de uma vida de pureza e dedicação ao Evangelho. O seu desejo de ganhar almas para Cristo se sobrepunha a tudo, e isso o levou a aceitar decididamente o martírio. Morreu no dia 2 de abril de 1672. Algumas testemunhas contaram que Pedro poderia ter fugido para um lugar seguro, mas escolheu permanecer ao lado do Padre Diego. O sacerdote, antes de ser morto, pôde dar a absolvição a Pedro. Que o exemplo e o testemunho corajoso de Pedro Calungsod inspire o dileto povo das Filipinas a anunciar corajosamente o Reino e ganhar almas para Deus!

Giovanni Battista Piamarta, sacerdote da Diocese de Brescia, foi um grande apóstolo da caridade e da juventude. Percebia a necessidade de uma presença cultural e social do catolicismo no mundo moderno, por isso se dedicou ao progresso cristão, moral e profissional das novas gerações, com a sua esplêndida humanidade e bondade. Animado por uma confiança inabalável na Providência Divina e de um profundo espírito de sacrifício, enfrentou dificuldades e fatigas para dar vida a diversas obras apostólicas, entre as quais: o Instituto dos pequenos artesãos, a Editora Queriniana, a Congregação masculina da Sagrada Família de Nazaré e a Congregação das Humildes Servas do Senhor. O segredo da sua vida, intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração. Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do encontro, de coração a coração, com o Senhor. Demorava-se de muito bom grado junto do Santíssimo Sacramento, meditando a paixão, morte e ressurreição de Cristo, para alcançar a força espiritual e voltar a lançar-se, sempre com novas iniciativas pastorais, à conquista do coração das pessoas, sobretudo dos jovens, para levá-los de volta para as fontes da vida.

"Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!" Com essas palavras, a liturgia nos convida a fazer nosso este hino a Deus criador e providente, aceitando o seu plano nas nossas vidas. Assim o fez Santa Maria del Carmelo Salles y Barangueras, religiosa nascida em Vic, Espanha, em 1848. Vendo a sua esperança preenchida, após muitas dificuldades, ao contemplar o progresso da Congregação das Religiosas Concepcionistas Missionárias do Ensino, pôde cantar junto com a Mãe de Deus: "Seu amor de geração em geração, chega a todos que o respeitam". A sua obra educativa, confiada à Virgem Imaculada, continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo.

Passo agora para Marianne Cope, nascida em 1838 em Heppenheim, na Alemanha. Com apenas um ano de vida, foi levada para os Estados Unidos, e em 1862 entrou na Ordem Terceira Regular de São Francisco, em Siracusa, Nova Iorque. Mais tarde, como Superiora geral da sua congregação, Madre Marianne abraçou voluntariamente a chamada para ir cuidar dos leprosos no Havaí, depois da recusa de muitos. Ela partiu, junto com seis irmãs da sua congregação, para administrar pessoalmente um hospital em Oahu, fundando em seguida o Hospital Mamulani, em Maui, e abrindo uma casa para meninas de pais leprosos. Cinco anos depois, aceitou o convite para abrir uma casa para mulheres e meninas na Ilha de Molokai, partindo com coragem e, encerrando assim seu contato com o mundo exterior. Ali, cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu trabalho heróico com os leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com os leprosos. Em uma época em que pouco se podia fazer por aqueles que sofriam dessa terrível doença, Marianne Cope demonstrou um imenso amor, coragem e entusiasmo. Ela é um exemplo luminoso e valioso da melhor tradição de religiosas católicas dedicadas à enfermagem e do espírito do seu amado São Francisco de Assis.

Kateri Tekakwitha nasceu no que hoje é o Estado de Nova Iorque, em 1656, filha de pai Mohawk e de mãe Algoquin cristã, que lhe transmitiu a fé no Deus vivo. Foi batizada aos 20 anos de idade, para escapar da perseguição, se refugiou na Missão São Francisco Xavier, perto de Montreal. Ali ela trabalhou, fiel às tradições culturais do seu povo, embora renunciando as convicções religiosas deste, até a sua morte com 24 anos. Levando uma vida simples, Kateri permaneceu fiel ao seu amor por Jesus, à oração e à Missa diária. O seu maior desejo era saber e fazer aquilo que agradava a Deus.

Kateri impressiona-nos pela ação da graça na sua vida, carente de apoios externos, e pela firmeza na sua vocação tão particular na sua cultura. Nela, fé e cultura se enriqueceram mutuamente! Possa o seu exemplo nos ajudar a viver lá onde nos encontremos, sem renunciar àquilo que somos, amando a Jesus! Santa Kateri, protetora do Canadá e primeira santa ameríndia, nós te confiamos a renovação da fé entre os povos nativos e em toda a América do Norte! Que Deus abençoe os povos nativos!

A jovem Anna Schäffer, de Mindelstetten, quis entrar em uma congregação missionária. Nascida em uma família humilde, ela conseguiu, trabalhando como doméstica, acumular o dote necessário para poder entrar no convento. Neste emprego, sofreu um grave acidente com queimaduras incuráveis nos seus pés, que a prenderam em um leito pelo resto da vida. Foi assim que o seu quarto de enferma se transformou em uma cela conventual, e o seu sofrimento, em serviço missionário. Inicialmente se revoltou contra o seu destino, mas em seguida, compreendeu que a sua situação era uma chamada amorosa do Crucificado para que O seguisse. Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se uma intercessora incansável através da oração e um espelho do amor de Deus para as numerosas pessoas que procuravam conselho. Que o seu apostolado de oração e de sofrimento, de oferta e de expiação seja para os crentes de sua terra um exemplo luminoso e que a sua intercessão fortaleça a atuação abençoada dos centros cristãos de curas paliativas para doentes terminais.

Queridos irmãos e irmãs! Estes novos Santos, diferentes pela sua origem, língua, nação e condição social, estão unidos com todo o Povo de Deus no mistério de Salvação de Cristo, o Redentor. Junto a eles, também nós aqui reunidos com os Padres sinodais, provenientes de todas as partes do mundo, proclamamos, com as palavras do salmo, que o Senhor é "o nosso auxílio e proteção", e pedimos: "sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos" (Sal 32, 20-22). Que o testemunho dos novos Santos, a sua vida oferecida generosamente por amor a Cristo, possa falar hoje a toda a Igreja, e a sua intercessão possa reforçá-la e sustentá-la na sua missão de anunciar o Evangelho no mundo inteiro.

Papa Bento XVI


9 de outubro de 2012

Sexo no casamento: vale tudo?


O que diz a Igreja?

A Igreja é muito discreta ao falar do ato sexual do casal cristão, mas não deixa de dizer, no Catecismo, que:

§2362 – "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação, pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido" (GS 49,2). A sexualidade é fonte de alegria e de prazer".

"A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal. Ela só se realiza de maneira verdadeiramente humana se for parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte." (CIC, §2361; FC,11).

O Papa Pio XII já tinha dito há muito que:

"O próprio Criador (...) estabeleceu que nesta função (isto é, de geração) os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto, os esposos não fazem nada mal em procurar este prazer e em gozá-lo. Eles aceitam o que o Criador lhes destinou. Contudo os esposos devem saber manter-se nos limites de uma moderação justa (g.m.)" (Pio XII, 29/10/1951).

O fato do sexo ser legítimo, no casamento, e só no casamento, não quer dizer que nele "vale tudo", como se diz. Não somos animais irracionais; aliás, nem os animais irracionais fazem "tudo" em termos de sexo. Ao contrário, são extremamente naturais.

A moral católica se rege pela "lei natural", que Deus colocou no mundo e no coração do homem. Aquilo que não está de acordo com a natureza, não está de acordo com a moral. Esta é a regra básica da Moral Católica. Será que, por exemplo, o sexo oral ou anal estão de acordo com a natureza? Certamente não, no meu modo de ver.

Sabemos que é necessário e legítimo o prelúdio sexual, especialmente para a mulher atingir o orgasmo junto com o marido; mas não é necessário para isso o sexo oral ou anal, que não são naturais; o que a mulher mais precisa na verdade, para ter uma harmonia sexual com o esposo, é ser muito amada. O ato sexual não começa quando ambos vão dormir; mas desde quando se levantam para começar um novo dia.

4 de outubro de 2012

Habitantes em outros Planetas?

Pergunta: “As reportagens sobre discos voadores dão por vezes a entender que há habitantes em outros planetas. Não se seguiria daí a necessidade de reformarmos nossas concepções religiosas? O espiritismo vê em tudo isso um argumento em favor de suas teses!”

A maneira como se tem tratado o assunto dos discos voadores é por vezes um tanto pueril. Abordemo-lo com a devida sobriedade.

1. Antes do mais, importa frisar que a hipótese de existirem habitantes em outros planetas não sofre objeção por parte da Fé Católica. A Sagrada Escritura e a Tradição nada ensinam a seu respeito, pois o conhecimento do assunto não interessa imediatamente à salvação eterna dos homens e o Senhor houve por bem revelar-nos apenas verdades atinentes à nossa santificação. 

A questão, portanto, fica fora do âmbito da Palavra de Deus a nós transmitida; deverá ser estudada à luz das ciências e das observações empíricas; o católico reconhecerá a resposta que o cientista lhe comunicar, desde que não seja formulada de modo contraditório à verdade revelada.

Foi no século passado que começou, entre os teólogos, a ser focalizada com certa atenção a hipótese de haver outros planetas habitados. 

Alguns então tentaram torná-la plausível, fazendo valer, entre outros argumentos, o seguinte: 

Existe enorme quantidade de matéria espalhada pelos espaços cósmicos; a matéria, porém, só pode preencher a sua finalidade (dar glória a Deus) no conjunto das criaturas, caso haja seres Inteligentes que a conheçam e, mediante ela, se elevem até o Altíssimo; seria, por conseguinte, harmonioso que o Criador tivesse colocado nos astros seres semelhantes aos homens, destinados a se servir do respectivo mundo material para prestar louvor ao Todo-Poderoso. O argumento não deixa de ter sua conveniência. Destarte se vê que a empolgante hipótese, longe de contradizer à fé, pode sem dificuldade ser incorporada a uma visão profundamente teológica do universo. 

Vê-se igualmente que a habitação de outros planetas e a possibilidade de comunicações inter-siderais são teses de todo independentes da ideologia espírita e da teoria da reencarnação, por muito que os espíritas explorem o noticiário dos jornais em favor de suas crenças. 

As pretensas mensagens do Astral, as “comunicações de Ramatis” captadas por via mediúnica não são senão produtos da subconsciência e da fantasia, hoje mais do que nunca excitadas pelos “boatos” e as conjeturas: posto em estado de transe, o “médium” pode dar expressão a noções latentes em seu íntimo, combinando-as num enredo mais ou menos fantástico, correspondente a sugestões que receba por parte de agentes externos.

Para fundamentar a tese da existência de marcianos e de seus apregoados discos voadores, a S. Escritura não oferece texto algum, apesar do que às vezes se lhe quer atribuir.

2. Admitida a hipotética existência de habitantes em outros planetas, surge a questão: como se configurariam esses indivíduos ?

a) Do ponto de vista físico, é de crer que constem de espírito e matéria, alma e corpo ; provavelmente, porém, são dotados de constituição fisiológica diferente da nossa, a fim de poder viver em condições de atmosfera, pressão e clima bem diversas das nossas.

A rigor, também nada há contra a hipótese (abordada em reportagem) de que tenham emigrado da Terra para o planeta onde atualmente residem. 

Neste caso, poderiam ser descendentes de Adão (teriam então o pecado original), como poderiam ser filhos de uma hipotética humanidade que haveria vivido sobre a Terra antes do aparecimento de Adão (não se poderia dizer com precisão quando é que Adão existiu). Sobre a hipótese dos «pré-adamistas», veja E. Bettencourt, Ciência e Fé na história dos primórdios, cap. VI.

b) Do ponto de vista religioso, os marcianos estariam sujeitos à mesma lei natural que nós, isto é, teriam uma consciência moral igual à nossa. Portanto, também entre eles estaria em vigor o preceito básico de toda a moralidade; “Faze o bem, evita o mal”, assim como as conseqüências que deste decorrem: “Não matar, não roubar, não adulterar, etc.” A razão disto é que a lei natural é um reflexo da Lei eterna de Deus; ela exprime a infinita santidade de Deus, a qual é imutável: para o Senhor, as categorias do bem e do mal não são sujeitas a reforma nem a tempos e lugares, pois não dependem apenas de um ato da Vontade divina, mas do imutável Ser de Deus.

Em se tratando de leis positivas, os habitantes de outros planetas poderão estar sujeitos a determinações diferentes das que o Altíssimo promulgou para nós (tais são o dever de guardar um dia entre sete, o de recorrer aos sacramentos, etc.).

É provável que, uma vez criados os marcianos, o Senhor tenha havido por bem submetê-los a uma provação, dando-lhes assim o ensejo de afirmar livre e conscientemente a sua adesão ao Bem Supremo. É o que se afirma, visto o modo como o Criador procedeu com os homens e com os anjos.

Sujeitas à prova, terão aquelas criaturas superado a tentação ou, antes, sucumbido ao pecado?

Esta pergunta já nos coloca muito longe no castelo das hipóteses… 

Digamos, porém, que, se resistiram ao mal, os seres extra-telurianos foram provavelmente confirmados no bem, à semelhança do que se deu com os anjos bons. 

Se pecaram, podem ter sido agraciados por uma Redenção. Neste caso, é possível que lhes estejam sendo aplicados os méritos de Cristo adquiridos na Terra há vinte séculos atrás, méritos mais do que suficientes para extinguir os pecados de muitos mundos, como também se pode pensar que o Filho de Deus se tenha encarnado outra vez em outro planeta.

Divagar por tantas conjeturas se torna, em última análise, ocioso; vão é ao homem procurar respostas para questões que pertencem estritamente aos arcanos da Sabedoria de Deus. 

Certa atmosfera de pavor e perplexidade chega a se criar em virtude da previsão de guerras interplanetárias… Com isto, não poucos dos nossos contemporâneos perdem de vista a tarefa da hora presente ; para o cristão, uma coisa é segura: quer existam, quer não existam marcianos, ele tem que progredir diariamente na união com Deus, despojando-se todos os dias um pouco mais do velho homem, e revestindo-se da nova criatura (cf. 2 Cor 4,16 ; Ef 4,24); fazendo isto, o cristão ganha a sua vida na Terra e chegará a ver face a face a infinita Sabedoria de Deus, com seus misteriosos desígnios. 

Eis, porém, que as múltiplas hipóteses arquitetadas em torno dos discos voadores impedem a muitos de rezar e viver na presença de Deus e, por conseguinte, de considerar o mundo como ele deve ser considerado.

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)


2 de outubro de 2012

O que a Igreja Católica diz sobre a idolatria?


Padre Paulo Ricardo nos explica que venerar os santos e suas imagens é uma forma de glorificar a Deus. E nos alerta ainda para o perigo de colocarmos criaturas ou coisas no lugar de Deus: a idolatria é o mal a ser combatido.

1 de outubro de 2012

Consagração a Nossa Senhora Aparecida - Aúdio


 
Ó Maria Santíssima, que em vossa querida Imagem de Aparecida espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil; eu, embora indigno de pertencer ao número dos vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés consagro-vos meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis.

Consagro-vos minha língua, para que sempre vos louve e propague vossa devoção. Consagro-vos meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas. Recebei-me, ó Rainha incomparável, no ditoso número de vossos filhos e filhas. Acolhei-me debaixo de vossa proteção.

Socorrei-me em todas as minhas necessidades espirituais e temporais e, sobretudo, na hora de minha morte. Abençoai-me, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade. Assim seja.

Amém.