A decisão do Papa Francisco de impôr suas mãos na cabeça de uma pessoa enferma e rezar por ela no Domingo de Pentecostes gerou especulações de que ele poderia ter realizado um exorcismo. O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, pe. Federico Lombardi, SJ, esclareceu nesta terça-feira que o Santo Padre não realizou um exorcismo na ocasião. "O Santo Padre não pretendia realizar qualquer exorcismo", disse pe. Lombardi. "Antes", explicou, "como ele frequentemente faz com os doentes e sofredores que estão em seu caminho, ele pretendia simplesmente rezar por uma pessoa que sofre e que fora trazida diante dele".
Exorcismo é, em senso estrito, a "expulsão" de maus espíritos. O poder de exorcizar foi conferido por Jesus aos apóstolos, e entende-se que este poder passa aos bispos que são sucessores dos apóstolos e a seus padres colaboradores. Dito isso, a Igreja tem — por muitos séculos, acrescente-se — um ritual muito preciso de exorcismo: não há um reavivamento teatral de estilo evangélico, mas atenção cuidadosa e mesmo metódica e fiel seguimento das orações, gestos e uso de sacramentais prescritos, como a água benta e o crucifixo. O Pe. Bernd Hagenkord, SJ, esclarece:
CRA: Quem pode realizar exorcismos?
BHSJ: Embora todo sacerdote possa realizar exorcismos — de fato, há um exorcismo que é parte do Rito do Batismo, então os padres podem realizar exorcismos regularmente — a lei da Igreja requer que toda diocese tenha ao menos um exorcista especialmente formado, que saiba distinguir os sinais de possessão demoníaca das doenças mentais ou psíquicas. De fato, mesmo hoje, quando algumas vozes afirmam que a possessão demoníaca está numa crescente, o exorcismo permanece muito, muito raro. A vasta maioria dos casos investigados se revelam casos de doenças mentais.
CRA: Então, há um ritual prescrito: o exorcismo é um sacramento?
BHSJ: Não, o exorcismo indubitavelmente não é um sacramento.
CRA: E quanto ao gesto do Papa no domingo?
BHSJ: Bem, eu não estava lá, mas posso dizer que a "imposição de mãos" é uma prática antiquíssima. Ela remonta ao Antigo Testamento, onde podia significar a eleição de um herdeiro — pense em Isaac abençoando Jacó, ou ordenação — como quando Moisés ordenou Josué. Na tradição Cristã, ela permanece sendo um ato de benção, e é parte dos ritos de ordenação sacerdotal e episcopal. Ela tem o sentido de um ato de cura — espiritual, fundamentalmente, mas também de cura do corpo (há precedentes de milagres). Novamente, todavia, é algo comumente feito por um padre ou bispo — e "silenciosamente", se preferir — sem espetáculo. O gesto em si também pode ser usado por pais ao abençoar seus filhos. – Pe. Bernd Hagenkord, SJ, é chefe da sessão alemã da Rádio Vaticano. Ele falou com Chris Altieri, da Rádio Vaticano.
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