18 de junho de 2010

Recomendações aos fiéis em ano eleitoral


Vitória, 02 de março de 2010

Caros irmãos e irmãs,

A cada ano eleitoral costumo dirigir uma palavra que possa servir de alerta para aquelas pessoas que gostam de saber qual a orientação do Arcebispo para este período.

Sinceramente eu não gostaria de repetir o que sempre costumo dizer neste tempo. Todos já sabem, com certeza, que minha palavra orientadora é no sentido de valorizar o seu voto.
Sinto-me até constrangido em lhe escrever repetindo que você não se deixe dominar por pessoas mal intencionadas e aproveitadoras. Mas, é importante que eu lhe diga mais uma vez: Seu voto é um instrumento precioso para você contribuir e influenciar na escolha de bons candidatos que desejam servir o nosso país.

Voto não se vende, não se compra e não se troca! Todo mundo sabe disso, mas há candidatos que gostam de se aproveitar dos irmãos (ãs) que estão em situação financeira difícil. Sei que isso é uma grande tentação, mas é muito feio, indigno e um pecado grave. Pecado de quem negocia e de quem aceita negociar o voto.

A Igreja Católica não tem partido. Porém, apoia a política do Bem Comum e todos os candidatos comprovadamente honestos que se propõem para servir o país.

Por que voltamos a insistir sempre nos mesmos valores? Porque nossa convicção religiosa sobre o ser humano nos torna teimosos e nos leva a enfrentar todas as adversidades e, porque faz parte de nossa obediência à ordem de Jesus, “Ide e pregai o Evangelho”. Evangelho e Boa Nova para a humanidade.

Não podemos nos conformar com este mundo injusto e permissivo. Nosso voto democrático pode e deve ser instrumento de mudança. Nós votamos não apenas como cidadãos comuns, mas como cristãos que acreditam em um mundo redimido do pecado da injustiça e de todo o mal e lutam por ele. Nosso voto deve ser expressão de nossa fé em Jesus Cristo que instaurou o Reino de Deus, isto é, convocou-nos para que colaborássemos com Ele no propósito de que toda a humanidade saia da situação de injustiça e opte por um mundo justo e fraterno.

A partir deste ponto de vista da fé eu alerto a todos vocês irmãos e irmãs e pessoas de boa vontade:
01 Não vote em pessoas desonestas que carregam de forma inusitada (meias e outros lugares longe dos olhos alheios) o dinheiro público que desviam das obrigações para as quais é destinado como saúde, salário justo, na aplicação da justiça, em benefício de parentes e amigos.
02 Não vote em pessoas que defendam a morte de inocentes no seio da mãe. Se esta pessoa aprova tudo o que o seu partido propõe, cuidado!
03 Não vote em quem é contra a vida, quem prostitui a juventude e quem considera isto uma questão de saúde. Esta posição é falsa e perversa.
04 Não vote em quem já mostrou por suas atitudes, no exercício de seu mandato, ser uma pessoa mentirosa, traindo o voto que você lhe dera na última eleição.
05 Não vote em quem finge ser ecumênico, mas depois, quando no poder, persegue a sua religião.
06 Não vote em pessoas que têm medo de contrariar o partido e preferem omitir-se ou agir contra a sua consciência religiosa. Isto tem acontecido entre nós! Abra os olhos e não se deixe enganar.
07 Não vote naqueles que defendem um falso conceito de direitos humanos, por exemplo, colocando como se fosse direito: a violação da liberdade de expressão, o direito de matar o ser humano no seio materno, o direito de adoção de crianças quando faltam as qualidades de mãe ou de pai, o direito de violar a liberdade religiosa impedindo que cada religião use os seus símbolos sagrados. Estes não merecem o seu voto de católico.
08 Vote em quem tem ficha limpa e uma só palavra!
09 Vote em quem você tem certeza que é confiável. Olhe bem, já fomos traídos por muitos políticos que se dizem convictos na religião que professam e mudaram de posição. Cuidado!
Com essas afirmações não quero colocar todos os políticos no mesmo campo. Saúdo todos os políticos honestos que desejam sinceramente dedicar-se ao bem comum, ao exercício da nobreza da política. Estes são nossa esperança e precisam do apoio de todos nós.

Concluindo irmãos, peço-lhes que evitem todo e qualquer fanatismo. O fanatismo pode gerar violência! Eleição é festa dos cidadãos (ãs), do Município, do Estado, da Pátria! A violência é própria dos ignorantes! Ignoram o direito do outro ser diferente e pensar diferente, ignoram o mandamento de Deus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”!

Deus abençoe a todos! Construamos a Paz e sonhemos com a Civilização do Amor! !

Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.ccArcebispo de Vitória do Espírito Santo

Nenhum comentário:

Postar um comentário