A prioridade na vida decide sobre o caminho existencial. O executivo põe a profissão no centro. Em torno dela giram a família, o sucesso, o dinheiro, a glória, o poder. Vocação e profissão se separam. O profissional busca competência, eficiência, produtividade. Anseia por reconhecimento social. Sem ele, sente-se um "zero à esquerda". Na cultura atual do trabalho, o profissional cresce em importância. Cumpre função socialmente etiquetada. A profissão humaniza-o, realiza-o.
Exige-lhe habilidades. Entra numa roda-viva de estudos e títulos para adquirir sempre maior credibilidade diante da sociedade e assim obter êxito e remuneração. Não para de fazer cursos de especialização, de extensão, de credenciamento. Não suporta fracasso. A velhice, a doença, a aposentadoria batem quais tristes anúncios do fim.
Na idade produtiva, o profissional investe tempo, energia, dinheiro no próprio aperfeiçoamento. Caminho marcado por muitos percalços: falta de estabilidade no emprego, desemprego, necessidade crescente de especialização.
A vida do profissional não se pergunta nem se interessa pelo lado vocacional da existência. Satisfaz-se unicamente com a realização competente na profissão. Não frequenta o mundo da gratuidade, da motivação, própria da vocação. Tem a sedução do êxito nos anos verdes. Não pensa na possibilidade de situações adversas em que a vocação traria luzes e consolo. Não prefere emprenhar-se exclusivamente pela estrada do sucesso, do dinheiro, da realização socialmente reconhecida. Ostenta títulos, o nome da firma em que trabalha. Carece da dimensão altruísta e de entrega própria da vocação. Não conhece gratuidade, generosidade, serviço aos outros.
Caminho desgastante e, a longo prazo, frustante.
J.B. Libanio, sj
Publicado em: O DOMINGO - Semanário Litúrgico-Catequético, ano LXXIX - Remessa XVI - 18-12-2011 - nº59, pág. 4
Nenhum comentário:
Postar um comentário