22 de março de 2010

Creio na Ressurreição da Carne

...creio na Ressurreição da Carne...

“Em nenhum ponto a fé cristã depara com mais contradição do que em torno da ressurreição da carne”. Catecismo Igreja Católica (v 966)

1 – O que significa Ressurreição da Carne?

A concepção da “ressurreição da carne” foi usada na igreja primitiva, sobretudo para rejeitar tendências muito fortes da época, que quiseram negar todo valor a dimensão corporal e material da pessoa humana. Contra estas tendências se acentuou que o ser humano inteiro, como todas as suas dimensões, será recuperado por Deus. No decorrer da história, a fórmula da ressurreição da carne foi cada vez mais compreendida em termos do dualismo da filosofia grega, e não como a bíblia compreende.

Na filosofia grega, corpo e alma são concepções distintas e separadas. No passado, a teologia cristã recorreu muito a este dualismo, de tal maneira que, até o século XX, se mantinham as fórmulas dualistas nas quais se dizia que na morte, a alma se separa do corpo.

A teologia, no final do século passado, abandonou a perspectiva dualista, recuperando a maneira como a Bíblia compreende o homem. Quando dentro dela se usa o termo “alma”, esta palavra nunca designa uma parte puramente espiritual do ser humano, distinto e separado da sua parte material. Nem a bíblia nem a ciência contemporânea, porém, compreende o homem como um compósito dualista de corpo e alma que na morte estão sendo separados.

2- O que a teologia hoje quer dizer quando fala em termos bíblicos de “alma”?

Em termos bíblicos, a palavra “alma” é a tradução daquilo que a bíblia, na sua língua, chama de nefesh. Nefest significa “o homem inteiro”, mas visto sob o enfoque de ele ser aberto para Deus. Este ser aberto para deus nunca pode ser destruído, e por causa disso se diz que o “ser alma” da pessoa humana nunca pode ser destruído, é imortal. Em termos modernos, compreende-se “alma” hoje como “princípio de ser” da pessoa humana. Outro princípio de ser desta pessoa é a sua dimensão material. As duas dimensões são inseparáveis e só na sua união formam aquilo que é o ser humano.

3 – O que a Bíblia quer dizer quando usa o termo “corpo”?

A palavra bíblica para corpo tem o significado daquilo que hoje chamamos de “pessoas”. Isso se torna muito claro, quando lemos, por exemplo, as palavras de Jesus: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”. A palavra corpo, aqui não diz respeito só a parte orgânica de carne e osso. Ela significa a pessoa inteira, tudo aquilo que Jesus é, com todas as suas dimensões. A Bíblia usa assim o termo ‘corpo’, e isso vale também quando fala da “ressurreição do corpo”.

4 – Como se dá a ressurreição dos mortos?

O termo “Ressurreição do corpo deve ser compreendido como “ressurreição da pessoa, não no sentido de uma corporeidade, isolada da alma” (Josef Ratzinger, 1967-69). “... na mensagem bíblica sobre a ressurreição, seu conteúdo do essencial não é a idéia de uma devolução do corpo às almas após um prolongado intervalo” (Josef Ratzinger, 2005).

Pode-se dizer hoje, baseado nos conhecimentos científicos e teológicos, que a alma nunca se separa do corpo. Deus ressuscita o ser humano na sua totalidade, e esta ressurreição se realiza no momento da morte.

Ser ressuscitado significa que a pessoa humana com tudo aquilo que é, com toda sua história de vida, com tudo aquilo que realizou e sofreu, com sua biografia, suas relações interpessoais e todas as obras, na morte será recuperada e plenificada por Deus.

Nesta transformação, cujo autor é Deus, a aparência da pessoa muda, a sua essência, a sua identidade, porém, permanece a mesma. Deus ressuscita a pessoa na sua totalidade.

Esta recuperação e plenificação significam também que a pessoa está sendo totalmente desligada das dimensões de espaço e de tempo. Há ainda uma razão lógica para impedir a idéia de uma alma, separada do corpo, que na eternidade “aguarda” a futura ressurreição do corpo. Se, na dimensão de ‘eternidade”, o tempo não existe mais, não pode haver tempo que passa. Logo, não é possível que, depois de certo intervalo de tempo sem corpo, a alma de novo se reúna com ele. Se não há tempo, não pode haver algo que chega a acontecer no futuro. Não dimensão eternidade, não há mais futuro, só há o presente. Eternidade significa “agora”.

5 – Se a ressurreição se realiza no momento da morte, por que ainda vemos o cadáver?

É importante ter bem claro que a ressurreição não é a revitalização daquele cadáver, que colocamos no túmulo. A ressurreição é algo maior. O problema é que nossos olhos não são capazes de observá-la. Os nossos sentidos não têm acesso às dimensões além da morte, da mesma maneira como não podemos enxergar ondas de rádio.

“A Igreja jamais ensinou que a mesma matéria seja necessária, para que se possa dizer que o corpo é o mesmo. Devemos compreender a morte, em termos bíblicos, não como fim, mas como processo de transformação, pelo qual passa o ser humano inteiro. Deste processo, nós só enxergamos um lado, o morrer. Na realidade, porém, a morte tem um outro lado que não conseguimos enxergar: é a ressurreição. Deus ressuscita a pessoa inteira no momento da sua morte. Essa ressurreição, porém, como diz o então teólogo e atual papa Josep Ratzinger, “não é ressurreição dos organismos... mas das pessoas”.

“Para amparar o homem uno e completo por dentro da sua realidade existencial totalmente outra, inacessível aos olhos empíricos; para fazer dele um ser renovado e feliz, Deus não precisa do cadáver” (Novo dicionário teológico, p.72)

6 – Se a ressurreição acontece na morte, o que se pode dizer então sobre a cremação de cadáveres?

Sendo que a ressurreição não diz respeito ao cadáver, mas à pessoa humana na sua totalidade, não há diferença nenhuma se o cadáver está sendo enterrado ou cremado. “a “Igreja permite a cremação, se esta não manifestar uma posição contrária à fé na ressurreição dos corpos” (Catecismo da Igreja Católica v 2301).

7 – É possível que a pessoa humana alcance a sua estrutura definitiva somente na morte?

A pessoa, na morte, não é uma alma qualquer. Ela é aquela personalidade e aquele caráter que formou de si mesma no decorrer de sua vida. E com esta personalidade e com este caráter, a pessoa vai encontrar-se com Deus.

Nós somos acostumados a ver a morte como um fim. Devemos aprender a vê-la como estágio final de um processo evolutivo que marcou a vida inteira. Durante toda a vida, o ser humano, de um lado, perde progressivamente a sua energia vital; mas, paralelamente, constrói também a sua personalidade, o seu caráter.

O que uma pessoa é não se define no momento do nascimento. É no decorrer da sua vida, nas centenas de milhares de decisões, que a pessoa se forma, de tal maneira que podemos dizer: é só na morte que a personalidade humana alcança a sua última e definitiva forma. Uma pessoa que se construiu uma personalidade orgulhosa, agora é orgulhosa; e uma pessoa que se tornou uma pessoa humilde, agora é humilde. É com as características adquiridas e formadas na vida que a pessoa se vê confrontada com Deus.

8 – Como é que podemos imaginar aquilo que acontece na ressurreição?

Sendo que ninguém, com seu aparato sensorial, tem acesso àquelas dimensões que chamamos de “eternidade”, precisamos de imagens mesmo. Uma primeira imagem, o apóstolo Paulo usa em 1Cor 15,35ss. Nesse texto, Paulo compara a ressurreição a um processo de transformação de uma semente. A semente, quando colocada na terra, não desaparece sem deixar vestígio nenhum. Em vez disso, passa por todo processo de transformação. Esse processo faz desaparecer a semente, mas, ao mesmo tempo, faz aparecer uma nova forma, a muda de uma árvore ou uma flor etc. Aquilo que, primeiro, tinha a aparência de uma semente, está sendo transformada numa outra forma, a muda. Mas, semente e muda são a mesma planta, é só a sua aparência que é diferente. Com o homem acontece o mesmo. A aparência que temos agora e a aparência que teremos como ser ressuscitado não serão a mesma, assim como a aparência da semente não é igual àquela da muda. Mas, apesar disso, permaneceremos a mesma pessoa, o mesmo ser humano.

9 – Pode-se dizer que ser ressuscitado é uma experiência vivida com plena consciência?

Morrer e ser ressuscitado não significa perder a consciência e muito menos, não mais existir. Morrer e ressuscitar significa chegar a uma ampliação plena da consciência de tal maneira que, só na morte, a pessoa tem a possibilidade de conhecer a sua vida vivida em todas as suas dimensões e aspectos. Só na morte a pessoa conhece com clareza absoluta o significado e as conseqüências de sua vida.

Na verdade, a pessoa ressucitada, no seu primeiro encontro com Deus, terá uma outra ampliação de sua consciência. Esta lhe possibilitará conhecer a sua vida a partir dos critérios de Deus. Assim, a pessoa se torna capaz de compreender em que medida a sua vida vivida corresponde a estes critérios. O “Juízo particular” é essa conscientização, junto com Deus e na presença de Deus, sobre o “valor” ou o “desvalor” da vida vivida, quando a ela se aplicam os critérios de Deus. Tal juízo em nada significa que Deus, à maneira de um juiz severo, julgará a pessoa, assim como a religiosidade tradicional o imaginou.

10 – Por que a Igreja ainda fala de um segundo juízo, o “juízo final”?

A experiência de juízo final não significa um segundo juízo que se realiza muito tempo depois do juízo particular. Uma vez que na dimensão eternidade o tempo não existe, também aquilo que chamamos de juízo final será vivido pela pessoa no momento atemporal da sua morte e ressurreição. Poderia ser chamado de “dimensão social” do primeiro encontro com Deus. Nesse momento o homem também está confrontado também com a história do mundo. Percebe em que medida as estruturas que no decorrer da história deste mundo foram estabelecidas, estava em sintonia com aquilo que Deus quis. Nesse sentido, a experiência do juízo final será uma das grandes e comoventes experiências da pessoa ressuscitada. Nela será mostrada a cada indivíduo quanto os atos e as omissões, as decisões e as obras de cada pessoa, nas suas conseqüências correspondiam aos critérios de Deus, e em que medida não correspondiam. E cada um, no bem e no mal, descobrirá a sua parte de responsabilidade no grande tecido da história do mundo.

Cada um de nós vai perceber que, na sua vida vivida, ficou devendo muito a Deus. Vai perceber que muito daquilo que poderia ter sido a sua tarefa na vida, não realizou; que faz muito mal e que, em muitos aspectos, a sua própria personalidade não corresponde àquilo que Deus imaginou.

11 – Como agora é possível mudar aqueles aspectos que não correspondem aos parâmetros de Deus? Como tornar-se agora a pessoa que corresponde às expectativas de Deus? Como consertar aquilo que fizemos mal e que está longe daquilo que Deus imaginou?

Deus oferece a cada pessoa ressuscitada mais uma última e definitiva oportunidade de converter a sua personalidade, para que esta corresponda aos parâmetros dele. É a última possibilidade para a pessoa evoluir e tornar-se pessoa plena. O Purgatório é uma das concepções talvez mais interessantes do conteúdo da nossa fé. Como o papa João Paulo II dizia, o nome Purgatório “não significa um lugar, mas uma situação”. É a situação existencial daquele que, no seu encontro com Deus, percebe como a sua personalidade, formada no decorrer da vida, em muito não corresponde aos critérios de Deus. Mas percebe também que ainda pode evoluir. É a última possibilidade para a pessoa evoluir e tornar-se plena. Conforme a personalidade, porém, que esta pessoa formou-se de si mesma no decorrer de sua vida, a plena adaptação aos critérios de Deus será mais ou menos difícil, mais ou menos dolorosa. É esta dor que na tradição foi chamada de purgatório. É a dor de encontrar-se com o amor de Deus e de constatar, quão pouco, na vida, se corresponde a este amor. É a dor da experiência existencial de purgatório.

Isso, porém, implica entregar-se totalmente a Deus.

12 – Será que a oferta de purgatório também poderia ser rejeitada pela pessoa humana?

A oferta de purgatório permanece oferta. Ela também poderia ser rejeitada. Neste caso, em vez de abrir-se para a plenitude da vida, oferecida por Deus, a pessoa humana se fecharia por dentro de si mesma, criando para si aquela outra possibilidade totalmente negativa, que na tradição é chamada de “Inferno”. Entretanto, a decisão livre da pessoa perante Deus se realiza de antemão dentro de um ambiente marcado pela vontade divina de salvar.

13 – Como devemos ver a questão da oração pelos falecidos? Ela tem algum proveito para eles?

Podemos imaginar que, por meio das nossas orações, missas etc., ajudamos a pessoa no momento de seu encontro com Deus, a realizar a sua última e definitiva conversão de maneira mais fácil. É um pouco como quando um amigo ajuda ao seu amigo a realizar uma tarefa que este amigo, sozinho, talvez teria muito mais dificuldades para realizar.

Uma vez que, para Deus, o tempo não existe, não importa se as nossas orações estão sendo realizadas anos antes ou anos depois da morte de uma pessoa. Para Deus, é sempre no momento certo, no “agora” da eternidade.

14 – O que significa “desceu a mansão dos mortos” ou “desceu aos infernos”?

Afirmamos no credo que Jesus, na sua morte, viveu toda e qualquer experiência daquilo que significa a morte humana. Um dos elementos desta experiência é que a pessoa, na sua morte, se encontra com toda a humanidade. Jesus, na sua morte, se encontrou com a humanidade inteira, ou melhor, a humanidade inteira, vista a partir da dimensão eternidade, se encontrou com Jesus Cristo, reconhecendo nele aquilo que ele realmente é, verdadeiro homem, mas também verdadeiro Deus, nosso redentor e salvador.

O uso da palavra “inferno” ou “mansão dos mortos”, faz referência à antiga concepção judaica, conforme a qual os mortos se encontrariam num lugar, chamado “Xeol”. A fórmula (concepção) quer expressar que Deus, na pessoa de Jesus Cristo, liberta deste Xeol.


Fonte: trechos, com algumas adaptações e exclusões, retirados do livro: Creio na Ressurreição dos Mortos. Coleção Por que creio. Paulus, 2007. Autor: Renold Blank.

Nossa dinâmica foi bem legal! Com o intuito de mostrar que devemos nos preocupar com o que levaremos para Deus, partilhamos sobre nossas escolhas. Como você está se preparando para encontrar com o Senhor? O que você tem colocado em sua bagagem de vida? Amor, ódio, perdão, raiva, orgulho, misericórdia...?

Preparando minha viagem

O caribe é um lugar fantástico! Com suas belas praias de águas cristalinas, onde pode-se ver a olho nu os peixes e golfinhos. As pessoas são muito acolhedoras! O ar é puro e tem um pôr do sol que é de tirar o fôlego! Nossa, lá não há barulho de carros como na cidade. Pode-se ouvir o canto dos pássaros e das cigarras, o som das ondas quebrando na praia. A noite o céu é muito estrelado, ótimo para um lual. Que tal irmos passar uma semana lá! Faça suas malas!!! Lembre-se, nós vamos de navio.

Escreva abaixo a lista do que você levaria para esse local. Só vire a folha quando tiver escrito todos os objetos.

Você chegou até aqui com êxito. Sua lista está fechada. E você já embarcou no navio. Agora não tem como acrescentar nada na sua mala!

No meio da viagem o navio encontra um forte tempestade e começa a afundar. Todos devem ir para os botes salvavidas apenas com uma pequena mala. O que você cortaria da sua lista? Comece a riscar os itens da sua lista acima. Só passe para etapa seguinte quando tiver riscado os itens.

Ok! A viagem não era o que você esperava, não é mesmo! Mas estamos com sorte encontramos terra firme! Com certeza não é o Caribe, mas é uma região próxima... E ainda tenho uma notícia: a primeira região habitada, a mais próxima, onde poderíamos pedir socorro é justamente o Caribe. Entretanto, fica a dois dias de caminhada. Como a caminhada é longa e o sol é forte, só leve o necessário. Risque da sua lista as coisas que vc deixará para trás! Riscou? Só passa para a etapa seguinte quando tiver feito isso.

Estamos caminhando a mais de um dia. Estamos indo muito bem! Mas, agora nos deparamos com um rio enorme. Não tem jeito, temos que atravessá-lo. Apesar de ser raso, tem uma forte correnteza. Por isso, precisamos nos dar as mãos e deixar nossa bolsa bastante leve. Portanto, o que é essencial e você não pode deixar de levar? Risque da sua lista as coisas desnecessárias nesse momento.

Lembre-se! Só passe para etapa seguinte se você cumpriu retirou as coisas da sua lista.

Parabéns! Você conseguiu!

Volte para o grupo e partilhe conosco qual foi o (s) objeto(s) (ou seja lá o que for) que sobrou na sua lista e porque você resolveu levá-lo (s) até o final.

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