2 de abril de 2010

Irmã Cleusa - 25 anos de Martírio pela causa indígena

Irmã Cleusa Carolina Rody Coelho nasceu no município de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, a 12/11/1933, filha de Francisca Rody e Jair Moreira Coelho. Fez o curso primário no Colégio João Bley, em Castelo. Cursou o ginásio no Colégio Estadual Muniz Freire, em Cachoeiro de Itapemirim, obtendo a Medalha de Ouro por dois anos consecutivos. Ao finalizar o magistério, recebeu como prêmio, do Governo do Estado, o direito de trabalhar como professora, independente de remoção ou concurso de ingresso.

Foi nessa época, que decidiu ingressar na vida religiosa, enfrentando forte oposição familiar. No dia 04/02/1952, entrou para a ordem religiosa espanhola das Missionárias Agostinianas Recoletas. Como noviça, adotou o nome de Sor Angelis Coelho de São José. Um ano depois fez seus primeiros votos religiosos, na capela da comunidade da Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, onde foi também catequista e enfermeira, na Missão da Cruz. No início de 1954, foi enviada para a Missão de Lábrea, no Amazonas, onde iniciou o Educandário Santa Rita, para o atendimento de crianças carentes. Da prelazia de Lábrea, foi transferida para Colatina-ES, onde exerceu as funções de catequista e professora. Nesta cidade, declarou seus votos perpétuos de Pobreza, Obediência e Castidade, aos 03/10/1958.

Ao sair de Colatina, passou a residir em Vitória, para fundar o Centro Educacional Agostiniano, no Parque Moscoso. Nessa época, voltou a estudar, obtendo Licenciatura Plena em Letras Anglo-Germânicas, na UFES. Ainda em Vitória, atuou na coordenação da Juventude Católica. Retornou a Lábrea em 1966 e assumiu a direção do Educandário Santa Rita. De volta a Vitória, foi diretora do Colégio Agostiniano. Permaneceu até 1973, na capital capixaba, desenvolvendo trabalhos apostólicos.

Nessa fase de sua vida, adotou novamente o seu nome de batismo, passando a assinar Irmã Cleusa. Trabalhou na Pastoral de Itacibá, Cariacica-ES, organizando a catequese, formando lideranças e engajando-se profundamente na criação das Comunidades Eclesiais de Base junto à Arquidiocese de Vitória. Foi membro da primeira diretoria da Conferência dos Religiosos do Brasil, cuja organização se iniciava no Espírito Santo. Ainda em 1973, voltou para Manaus, para fundar nova casa assistencial onde atuou, junto aos meninos de rua, tendo que arranjar um emprego, como orientadora religiosa, para sustento da casa. A partir de 1979, fixou-se definitivamente em Lábrea pra cuidar dos pobres marginalizados, hansenianos e índios.

Em 1982, foi autorizada pela sua congregação a assumir a Pastoral Indígena da Prelazia. Mais tarde, foi nomeada coordenadora da Sub-Regional Norte 1 do Conselho Indigenista Missionário (CIME), que abrangia as Prelazias de Lábrea e Coari. Justamente no exercício de seu trabalho missionário, foi cruelmente assassinada, às margens do rio Paciá. O corpo da Irmã Cleusa foi achado por uma expedição no dia 28/04/1985, nu e escalpelado. O braço direito tinha sido decepado, a mão direita jamais foi achada; a cabeça e o tórax estavam crivados por mais de cinquenta chumbos de espingarda de caça, além de apresentar costelas quebradas, crânio e coluna vertebral fraturados.

A exumação de seu corpo deu-se no dia 23/05/1991, e os restos mortais foram depositados na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Lábrea. Os ossos do seu braço direito, decepado na hora do crime, estão, desde o dia 02/06/1991, depositados na Catedral Metropolitana de Vitória, quando então foi iniciado o processo de sua canonização, cujo encerramento se deu na Arquidiocese de Vitória, aos 25/04/1993.

Fonte: A face múltipla e vária - A presença da mulher na cultura capixaba, de Agostino Lazzaro, AFESL

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